segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O Anjo Exterminador, de Luis Buñuel


A negação do acaso e a incapacidade de apreender as virtualidades em jogo maracam o sufocamento de uma sociedade refém das máscara e das representações. Buñuel registra a desarticulação das palavras de ordem que faz emergir o caos, ao mesmo tempo em que personifica a intolerância em personagens presos a regimes de significação e organização de um misticismo doentio e de um subjetivismo esfacelado. As saídas que evocam uma memória de marcas só poderiam conduzir a uma reterritorialização ainda mais implacável.

O Enigma de Kaspar Hauser, de Werner Herzog


"Cada um por si e Deus contra todos". Devastar os costumes e as tradições com um paisagismo anômalo. Enfim um pouco de natureza ventila pelos centros de poder de uma sociedade sedentarizada nos valores e verdades de uma época. O Kasper Hauser de Herzog dramatiza a mais alta potência do anômalo, articulando imagens de lugares distantes, movimento involutivo na natureza intensa que nos possui, sem impor cenários, mas abalando Deuses e nos arrastando nos mais profundos limiares do humano e do inumano.

Paris Texas, de Wim Wenders


O filme aborda um movimento intenso de desterritorialização do desejo. Através de uma atmosfera desértica e esvaziada pelo esquecimento e perda do nome próprio, desenha um movimento tortuoso de afundamento do sujeito e esfacelamento da identidade, passionalmente produzidos. Ao traçar assim um labirinto no tempo, entrecortado por blocos de memória, ausências e suspensões, o filme vai desdobrando uma teia afetiva com suas rupturas e nós amorosos. Com uma trilha sonora penetrante, Wim Wenders coloca singularmente o problema do modo mais sutil de captura do desejo, aquele produzido pelo amor que se enreda na conjugalidade, seus becos sem saídas e buracos negros, seu modo de produzir memória e projeto e inviabilizar ou reencontrar o devir.

Lavoura Arcaica, de Luis Fernando Carvalho


Mistura de cacos de vários lugares. Um tecido de diferenças e contrastes humanos. A mistura de tudo e depois é botar a lente, o olho de um narrador reflexivo. O cinema refletindo os acontecimentos tece um personagem. O acontecimento é do trágico, do irrecuperável, já é passado, é marca. A Lavoura é a cartografia da alma que sofre de uma dor do tempo.

Os Pássaros, de Alfred Hitchcock


Os Pássaros de Hitchcock narra a desconstrução dos modos “humanos” de viver, a partir da animalidade intensa dos devires que nos povoam. As alianças disruptivas do desejo, a fuga audaciosa dos aparelhos de captura, a natureza anti-natural dos afetos animais e as forças vertiginosas do fora criam uma tecitura de relações casuais e necessárias às “núpcias de um outramento”. A domesticação dos relacionamentos e a conjugalidade familiarista é progressivamente abalada a cada novo ataque dos pássaros. Ao mesmo tempo, emergem as condições reais para os encontros que efetuam, em meio à selvageria caótica, as possibilidades de um grande amor.

Bom Dia, de Yasujiro Ozu


Corredores e aposentos vazios, varais, postes, fachadas de casas, planos gerais de paisagem, entre-casas e entre-planos.“Bom Dia” afirma a incomensurável beleza dos momentos breves e banais que, plenos de novidades, são capazes de sentido e de vida. Uma fina análise da reconstrução japonesa do pós-guerra, com grande amor pelos paradoxos. Ozu vai nos mostrando que se a televisão catalisa o fim da família tradicional japonesa, se impera a desconfiança entre os vizinhos, se há indícios de convulsão social (a aposentadoria, o desemprego, o trabalho informal), se os homens não conseguem mais dizer o que importa, escondendo-se em frases feitas, é justamente o diálogo repetitivo e cotidiano sobre o tempo, que permite ao professor se aproximar da tia de seus alunos, por quem é apaixonado. Pervertendo as tradições e os costumes, é a ingenuidade pueril de uma greve de silêncio que expõe as redundâncias lingüísticas e desarticula a ordinariedade empoderadora dos não-ditos que sustentam uma ruidosa convivência social e inter-geracional. O rigor da depuração do plano cinematográfico, o ritmo encadeante dos planos e seqüências descontínuos, os fatos narrativos levados ao extremo da simplicidade e do anti-dramatismo, a minuciosa composição do quadro, tudo isso geralmente provoca sensações mais do que argumentos. Uma narrativa que é pura ficção, um realismo que é do tempo.

Calígula, de Tinto Brass


Sádico, cínico, déspota, irresponsável, megalomaníaco, sanguinário, paranóico? Calígula não quer deixar escapar nenhum fluxo. É a vontade do déspota, são as formações de soberania. Calígula recorta as estruturas de aliança e filiação, uma estrutura espacial fundiária, um sobrecódigo das relações, uma demarca de corredores, ruas e aposentos. Um esquadrinhamento espacial. Este Estado que surge se chama “Eu”. Calígula déspota e escravo que está em nós, regime de autoridade e homem de cinismo. O épico-erótico de Tinto Brass reflete a gênese da nova aliança nas figurações teatrais e plásticas do fazer do déspota: a filiação direta com Deus com o retomar de um fluxo germinal intensivo. Uma educação dos esfíncteres, uma retenção de fluxos, uma transgressão incestuosa. Eis a palavra de Calígula-Estado paranóico e despótico.

Confiança, de Hal Hartley


Enfim, Maria se dá conta de que há algo de confiável em Matthew: “ele é perigoso e sincero”. Hal Hartley nos dá um retrato realista dos modos de subjetivação independentes, modos de existência singulares que produzem corpo a partir do abandono das roupagens justas do senso comum. Se existe um combate, não é o dos vencidos contra os ganhadores, mas de todos os clichês que contracenam com as linhas de fuga que afirmam o ser em sua heterogênese. Em um pólo de captura, são corpos e atitudes teleguiados por uma força de homogeneização, compondo na tela uma uniformidade chapada: mães que odeiam seus filhos, pais ressentidos que despejam sua culpa, perversos panoptizando por fascinação histérica. Mas uma granada faz circular o potencial de explosão deste estado achatado de banalidades. Que se possa acioná-la a qualquer momento, basta recuperar a crença no acontecimento, basta optar pelo trágico, basta confiar e conseguir entregar-se por inteiro.

A Marquesa de O, de Eric Rohmer


Eric Rohmer nos propõe um vaivém entre palavras e imagens. Falsamente teatral e falsamente literária, sua obra arranca da linguagem uma certa afasia: o ato de fala como fundador, como fabulador é que funda o silêncio no falado e que faz deste cinema, um cinema mudo. Com “A Marquesa de O” mais uma vez é o corpo feminino que sofre fragmentações. É em nome de um pudor que não existe, que a verdade precisaria então de muitos disfarces, invertendo valores que seriam intoleráveis: é você, marquesa, que está grávida de sua própria consciência. Em um de seus provérbios, Rohmer diria que só escolhe bem aquele que é escolhido. A efetiva escolha, que consiste em escolher a própria escolha, é suposta retornar e dar-nos tudo. É por isso que ela contribui para que ao abandonar da noiva, ele nos seja entregue por inteiro: “Eu a amo de forma sublime, extraordinária. Eu a amo. Não é uma simples inclinação.” Os enquadramentos obcecantes da “Marquesa de O” são mais um dos modos com que Rohmer irá fazer da câmera uma consciência formal ética capaz de nos levar a uma imagem indireta livre do mundo e, ao mesmo tempo, a um ponto comum entre o cinema e a literatura. Mas não seria isto mesmo o que constitui o estatuto singular da imagem áudio-visual moderna: uma dissociação do visual e do sonoro, em heutonomia e incomensurabilidade? A imagem visual e sonora estão, enfim, em uma relação muito especial: relação indireta livre que não se propõe o menor todo.

Faces, de John Cassavetes


Como extrair um espaço qualquer de um estado de coisas dado? Talvez seja este o problema que Cassavetes não cansou de se colocar, através de um cinema do rosto. Toda uma história dos modos de existência, das escolhas, das falsas escolhas e da consciência da escolha, que preside as séries que se multiplicam em Faces. Toda uma cidade marcada por espaços desconectados e personagens perambulantes, em planos-paisagens. O diretor, pai do cinema independente americano e criador de uma estética despojada, sempre afirmou que o grande tema dos seus filmes é o amor. Seus personagens querem amar, mas são impedidos pelas circunstâncias, pelos problemas do dia-a-dia, pela rotina do casamento, pelos sentimentos conflitantes de medo, inveja e paixão, pelos impulsos sexuais muitas vezes desastrados, pela incapacidade total diante de um mundo que excede. Em Faces, o desmoronamento da conjugalidade é o fio condutor de um ataque constante às instituições que colonizam a vida e engendram os modos utilitários de relação. Um mapa de afetos, um combate à representação, um mergulho no trágico, as muitas faces da América...

Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick


Um cérebro serve para agir, e o mundo-cérebro é Laranja Mecânica: atitudes corporais com um máximo de violência, gestos cerebrais em processo de captura, forças de morte e ritmos de adestramento. “Dê-me um cérebro”, pede o cinema. Um desfile de autômatos é o que lhe damos. Subjetividades protetizadas, robôs dançantes, monstros e zumbis é o que lhe damos. Com uma crítica ácida e impecável, Kubrick perfura este cérebro-mundo, esta membrana inseparável das forças de morte que enclausuram o fora, a serviço de uma ordem interior demente.

O Ano Passado em Marienbad, de Alain Resnais


O Ano Passado em Marienbad, ou o lugar e o acontecimento de um encontro decisivo... Um cinema tornado registro seletivo, inclusivo, pura repetição da diferença. Uma involução nos estratos mais profundos da memória é o que nos propõe Alain Resnais. Uma descontinuidade de séries que concorrem para um mesmo acontecimento é o que nos apresenta Robbe-Grillet. Séries simultâneas que se dão a cada retorno, várias vezes, para a construção de uma cena, uma decisão. Vou com ele, não vou com ele? É sempre o encontro que decide. A música fúnebre embala uma grande repetição. O esquecimento de marcas e o esquecimento de futuro. Entre o acontecimento e o lugar, um novo limiar. É da superfície do acontecimento que se faz memória no cinema de Resnais e de Robbe-Grillet; é de um horizonte de futuro, que redime o passado, que se faz com que o inabalável retorne, criando a decisão, que é movimento do porvir. O império de um presente atual estará para sempre questionado na imagem cinematográfica: foi no ano passado, de um lugar qualquer, em Marienbad, onde uma vez mais e sempre se perde. Ou será “ao longo destes corredores, através destes salões, estas galerias, nesta construção de um outro século, este hotel imenso, luxuoso, barroco, lúgubre”?. Ou foi “no parque deste hotel, uma espécie de jardim à francesa, sem árvores, sem flores, sem vegetação alguma”? Ou é então, “ao longo das aléias retilíneas, entre as estátuas de gesto fixo e as lajes de granito, onde você estava agora na iminência de se perder, para sempre, na noite tranqüila, sozinha comigo”.

Um Homem com uma Câmera, de Dziga Vertov


Com o híbrido homem-câmera, Vertov radicaliza seu método de montagem permanente, involuindo na matéria fluida da variação universal. O olho não humano, que estaria nas coisas, conecta qualquer ponto do universo a um outro ponto qualquer, em qualquer ordem temporal, em um “espaço qualquer”. O “caos irisado” introduz a percepção nas coisas, ultrapassa o intervalo entre ação e reação, decompõe a mimese e a impressão de realidade, acessa o plano luminoso da imanência em sua ondulação cósmica. Vertov, com a exploração dos fatos vividos, realiza uma cine-sensação do mundo. “Eu vejo.” “Minha câmera não escreve, mas inscreve.” Torna-se visível o invisível. O Homem com uma Câmera é a pedagogia antiilusionista para uma arte construção da vida, princípio ético e estético de uma “verdade a 24 quadros por segundo”, estado gasoso da percepção que segue livremente o percurso das imagens-movimento da substância vivente.

O Homem da Linha, de Jos Stelling


Uma relação improvável, em um lugar qualquer, entrecruza as linhas desviantes de personagens a deriva. Com uma narrativa anti-dialógica, Jos Stelling lança o ruído contra o verbo, em uma magnífica exposição do afeto e da natureza. Num bailar de devires, animalescos e pueris, o encontro do estranho agulheiro com a bela francesa faz descongelar o deserto, eletrizando o tempo puro dos espaços vazios e das imagens sonoras. A atmosfera gelada, a sonoplastia rítmica e as alternânicas de luz e de cor criam as nuâncias e densidades da topografia subjetiva dos territórios de passagem. Arrebator e sensível, “O Homem da Linha” é ao mesmo tempo a desconstrução poética dos signos lingüísticos e o amor louco de uma animalidade total.

Os Idiotas, de Lars von Trier


Filme-paradoxo, Lars von Trier coloca em cena os modos loucos de fazer cinema, arrebentando, de saída, com a castidade idiota do Dogma 95 e zombando de todos aqueles que acreditaram no seu pseudo-dogmatismo. Com uma câmera amadora e vertiginosa, as suas anti-locações são percorridas na construção descontínua de personagens aberrantes. Com uma crítica aguda, os valores burgueses são desnudados até a exibição pornográfica das intolerâncias micro-fascistas. Reinventando seu estilo a cada obra, Lars von Trier narra com “os Idiotas” a experimentação crítico-criativa de um grupo de amigos que simulam a doença mental como atitude política, questionadora das instituições e da moralidade. Em meio à multiplicação intempestiva da idiotia é impossível não se questionar. Quem está zombando de quem? E os verdadeiros loucos? Será que existem “verdadeiros loucos”? Olhar brilhante que problematiza a simulação de identidades, enquanto condição necessária, e a fragilidade do estatuto moral do normal e do patológico.

Santiago, de João Moreira Salles


À primeira vista parecia impossível se perder nele. À primeira vista..." Personagem labiríntico, mordomo da família Moreira Salles, o que subverte as condições do discurso documental. Passagem e ocasião de desencontros, Santiago exercita a fabulação, teatraliza seus gestos, desarticula as palavras de ordem, desenquadra o seu próprio autor. O que antes seria um filme pessoal e de montagem, se torna o palco de um grande combate. O filme que não foi feito. O Anti-metacinema. A arte-clínica pela culatra. O passado e o porvir de um cineasta em crise, o duplo de si mesmo rachado, desconstruído, arrastado no tempo próprio de uma ficção tornada vida. As mnemotécnicas de uma personagem fabulosa fazendo do exótico o apenas pouco, da reflexividade, só o reforço do mando. Na expressão de Santiago: "o tempo não tem consideração". Tempo trágico que "pelos caminhos contínuos entre as estátuas imutáveis e placas de granito no qual você estava, até mesmo agora, perdendo-se para sempre, no silêncio da noite, sozinha comigo.

Stromboli, de Roberto Rossellini


Stromboli por uma miséria terrível demais... Stromboli por uma dor intensa demais... Stomboli por uma beleza grande demais... Rosselini cartografa a ilha de Stromboli com o olhar estrangeiro que revela o mais profundo de uma violência para a qual não há mais ação possível. Planos sucessivos fazem um duplo movimento de criação e apagamento. A ilha ou a terra devastada é repetidamente preenchida por naturezas mortas de personagens cristalizados no limite de situações que excedem. O porto, a pesca, a tempestade, a erupção vulcânica... Uma situação-limite : a gravidade da pesca, o abismo da banalidade, a inanição existencial. Stromboli é um mapa de afetos, território e fissura de uma Europa que convulsiona imóvel diante do inominável da guerra. “Estou acabada, tenho medo, que mistério, que beleza, meu Deus” Stromboli é a tensão disruptiva que arrebata o pensamento com a exterioridade impensável do que só pode ser pensado.

Taxi Driver, de Martin Scorsese


A Nova York dispersiva é vista pelo retrovisor das lentes lentas do filme-fluxo de Scorcese. Táxi Driver é a balada-catálogo de todos os clichês psíquicos, todos os “chichês óticos e sonoros” da cidade-néon. A multidão perdendo os seus contornos, tornando-se necessidade de fuga, desconstrução do espaço, invenção de novos territórios sub-urbanos, extra-ações e infra-ações que esgarçam a fibra nervosa que encadeia as ruas, os personagens, os acontecimentos. Sem totalidade, mas com imagens flutuantes, é o acaso que se torna o único condutor. Toda uma série de “boas intenções” fadadas ao fracasso. Travis convida uma rapariga para uma saída e leva-a a um filme pornô. Travis quer ser amigo de uma prostituta menor e acaba por assustá-la. Travis hesita entre se matar e cometer um crime político. Como se os acontecimentos não lhes dissesse mais respeito, como se as ruas não lhes tivesse mais pertença, como se as irregularidades do trajeto não lhes fosse mais acidentes, como se as geografias das esquinas não lhes determinasse mais o itinerário, como se o que se julgava monotonia nunca deixasse de ser criação e como se onde só se via sempre “repetição”, nunca deixasse de ser diferença...

Amor a Flor da Pele, de Wong Kar-Wai


Um ritmo de imagem, um ritmo de música. Contigüidades e ressonâncias de um cinema que cria a atmosfera de sugestão para os encontros afetivos. A suspensão das ações e paixões, com a ocultação das faces e dos corpos, estabelece as condições para encontrar o ato. O espírito do amor flui pelas entrelinhas e pelo interstício dos enquadramentos em "slow motion". Wong Kar-Wai cria uma linguagem rítmica que acessa o ato de pensamento, ativando o expectador em uma espionagem do relacional.

Terra em Transe, de Glauber Rocha


Para que não nos matem a verdade, é melhor morrer de poesia. O poeta-gurreiro Paulo Martins percorre o entre-imagens do universo convulviso de Eldorado, o continente tropical de Terra em Transe. Embriagado do populismo demagógico e do autoritarismo profético, o personagem central ressoa com o ritmo delirante das imagens inquietas de Glauber Rocha, descentrando os avatares do cinema e re-encontrando as condições do dizível e do cantável. Vigorosa e visionária alegoria política sobre o Brasil e a América Latina. Polifonia barroca de diversas culturas. Um filme sem concessões, caótico, polêmico, feito sem a intenção de agradar a quem quer que seja. Para o cineasta Joaquim Pedro de Andrade, "o poeta é o guerrilheiro, pois o povo de Eldorado não assume posição crítica diante de seus problemas e os grandes heróis se fazem com a morte. A morte como fé e não como solução. Assim, a morte do poeta é morte-vida, e não é possível viver quando não se está disposto a morrer por uma idéia, por um amor, por um povo, por um amigo" Terra em transe é a golfada hedionda contra uma gente vigilâmbula, o salto, o grito e o canto para uma terra e para um povo, um povo que falta.

A Alma do Osso, de Cao Guimarães

A Alma do Osso, do cineasta mineiro Cao Guimarães, é uma experiência estética radical. Cinema de paisagens, o filme acompanha a rotina silenciosa de Dominguinhos, um ermitão de 72 anos que vive há aproximadamente 40 anos em uma caverna no interior de Minas Gerais. Trapos e unhas sujas, obsessão por classificar, embalagens, sacos, latas e garrafas... Variações cromáticas, luz, perda de foco, ruídos, deformações da natureza e manuseio de imagens... A câmera acompanha os mínimos gestos, topografa fragmentos de vegetação, busca signos de vida nos movimentos intensivos de uma natureza inorgânica... Do mergulho na vida à invenção de um olhar simbiótico, Cao Guimarães nos propõe uma ontologização da imagem cinematográfica, uma desconstrução da subjetividade, uma concreção do simbólico em fluxos e vibrações de um território existencial singular, modulado pelo discurso vivo de um cinema da superfície...

domingo, 26 de dezembro de 2010

EcoLive Cinema na Cantareira


Chocolate com Castañeda

Cartografias, subversões e hibridações do Flime "Chocolate" com o pensamento xamânico de Carlos Castañeda...



24 e 25 de dezembro de 2010
São Paulo e Vitória da Conquista.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Cinema Nômade com Godard

exibição e debate
Diálogos e problematizações acerca de obras cinematográficas

Próximo evento: sexta-feira, 17/12/2010 às 20h00
Exibição do filme: Week-end à Francesa, de Jean-Luc Godard
Um filme em que Godard expõe a banalização de alguns modos sociais com muito humor.
Local: rua Arruda Alvim, 112 (a meia quadra da estação Clínicas do Metrô)
*Entrada Franca*

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Cinema Nômade com Godard

exibição e debate

Diálogos e problematizações acerca de obras cinematográficas

Próximo evento: sexta-feira, 17/12/2010 às 20h00

Exibição do filme: Week-end à Francesa, de Jean-Luc Godard

Um filme em que Godard expõe a banalização de alguns modos sociais com muito humor.

Local: rua Arruda Alvim, 112 (a meia quadra da estação Clínicas do Metrô)

*Entrada Franca*