domingo, 21 de dezembro de 2008

Cinema Nômade com Rossellini



Stromboli por uma miséria terrível demais... Stromboli por uma dor intensa demais... Stomboli por uma beleza grande demais... Rosselini cartografa a ilha de Stromboli com o olhar estrangeiro que revela o mais profundo de uma violência para a qual não há mais ação possível. Planos sucessivos fazem um duplo movimento de criação e apagamento. A ilha ou a terra devastada é repetidamente preenchida por naturezas mortas de personagens cristalizados no limite de situações que excedem. O porto, a pesca, a tempestade, a erupção vulcânica... Uma situação-limite : a gravidade da pesca, o abismo da banalidade, a inanição existencial. Stromboli é um mapa de afetos, território e fissura de uma Europa que convulsiona imóvel diante do inominável da guerra. “Estou acabada, tenho medo, que mistério, que beleza, meu Deus” Stromboli é a tensão disruptiva que arrebata o pensamento com a exterioridade impensável do que só pode ser pensado.

sábado, 22 de novembro de 2008

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Cinema Nômade com Tinto Brass


Em uma formação social despótica romana, um corpo intenso, uma natureza que salta, um pensamento alegre na destruição. Extraindo humor das práticas de maldade como dispositivo provocador e redisponibilizador das forças de um corpo social decadente, que apodrece e se desmancha lascivamente. Caligula se constrói num meio cujo horizonte constitutivo oscila entre a trapaça covarde da existência impotente e a traição paranóica. Cruel? Louco? O Terror em pessoa? O arbítrio aterrador em estado puro? Uma necessidade implacável de fazer comandar o Imponderável e fazer de si um Destino, se fazer Divino! Em um meio no qual os poderes de rebaixamento da vida triunfam a cada complô!
O erotismo como dispositivo que escancara um diagrama de forças, catalizador de afetos que escapam ou são capturados no tecido de um corpo pleno despótico. O sexo hipostasiado em práticas eróticas que fazem explodir o desejo como linha de fuga, glorificando o gozo nos modos de investir e destruir os lugares de poder. Calígula, déspota e escravo que está em nós? Vemos brotar nesse meio traços e tendências que se repetem em um regime de autoridade e que constituem o cinismo moderno das nossas sociedades. O épico-erótico de Tinto Brass reflete a gênese da nova aliança de comando do desejo com a Transcendência nas figurações teatrais e plásticas do fazer do déspota: a filiação direta com Deus transfigura e transporta a relação com um fluxo germinal intenso. Uma adestramento dos esfíncteres, uma retenção de fluxos, uma transgressão incestuosa. Eis o modo Calígula-Estado paranóico e despótico.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Cinema Nômade com Alain Resnais

O Ano Passado em Marienbad

O Ano Passado em Marienbad, ou o lugar e o acontecimento de um encontro decisivo... Um cinema tornado registro seletivo, inclusivo, pura repetição da diferença. Uma involução nos estratos mais profundos da memória é o que nos propõe Alain Resnais. Uma descontinuidade de séries que concorrem para um mesmo acontecimento é o que nos apresenta Robbe-Grillet. Séries simultâneas que se dão a cada retorno, várias vezes, para a construção de uma cena, uma decisão. Vou com ele, não vou com ele? É sempre o encontro que decide. A música fúnebre embala uma grande repetição. O esquecimento de marcas e o esquecimento de futuro. Entre o acontecimento e o lugar, um novo limiar. É da superfície do acontecimento que se faz memória no cinema de Resnais e de Robbe-Grillet; é de um horizonte de futuro, que redime o passado, que se faz com que o inabalável retorne, criando a decisão, que é movimento do porvir. O império de um presente atual estará para sempre questionado na imagem cinematográfica: foi no ano passado, de um lugar qualquer, em Marienbad, onde uma vez mais e sempre se perde. Ou será “ao longo destes corredores, através destes salões, estas galerias, nesta construção de um outro século, este hotel imenso, luxuoso, barroco, lúgubre”?. Ou foi “no parque deste hotel, uma espécie de jardim à francesa, sem árvores, sem flores, sem vegetação alguma”? Ou é então, “ao longo das aléias retilíneas, entre as estátuas de gesto fixo e as lajes de granito, onde você estava agora na iminência de se perder, para sempre, na noite tranqüila, sozinha comigo”.

sábado, 30 de agosto de 2008

Ciclo Alain Resnais

Carta Capital

O Globo - capa 2º Caderno

O Dia
Extra

Tribuna da Imprensa


Filmes do Ciclo Alain Resnais


VAN GOGH
1948, p&b, 35mm, 8 min
Roteiro: Gaston Diehl e Robert Hessens. Texto: Gaston Diehl.
Evocação da vida e obra do pintor Vincent Van Gogh, partindo unicamente de suas telas. O mundo interior do pintor é explorado através de suas próprias imagens e personagens.

PAUL GAUGUIN
1950, p&b, 35mm, 12min
Roteiro: Gaston Diehl. Texto: Gaston Diehl e os escritos de Paul Gauguin.
Seguindo o mesmo princípio de Van Gogh, a vida e a obra de Gauguin são evocadas a partir de suas próprias telas.

GUERNICA
1950-51, p&b, 35mm, 13 min
ireção: Alain Resnais e Robert Hessens. Texto: Paul Éluard.
O bombardeamento da cidade de Guernica pela aviação nazista, em favor de Franco, é evocado através do afresco de Picasso e de
outras de suas obras.

AS ESTÁTUAS TAMBÉM MORREM | LES STATUES MEURENT AUSSI
1950-53, p&b, 35mm, 29 min
Direção: Alain Resnais e Chris Marker. Texto: Chris Marker.
Um documentário sobre a arte negra torna-se um panfleto anti-colonialista e anti-racista. Neste potente poema, ritmado pelas formas das estátuas africanas e pelo texto de Chris Marker, expõe-se a opressão e a destruição de uma arte e de um povo por outro povo.

NOITE E NEVOEIRO | NUIT ET BROUILLARD
1955, cor e p&b, 35mm, 32 min
Direção: Alain Resnais. Texto: Jean Cayrol.
Um filme sobre os campos de concentração nazistas, encomendado pelo Comitê de História da Segunda Guerra Mundial. As paisagens serenas e coloridas do presente procuram esconder, por trás das flores e da grama verde, horrores passados e futuros.

TODA A MEMÓRIA DO MUNDO | TOUTE LA MÉMOIRE DU MONDE
1956, p&b, 35mm, 22 min
Roteiro: Rémo Forlani.
Nas entranhas da Biblioteca Nacional, quem sabe qual será, amanhã, o testemunho mais confiável de nossa civilização? De corredor em corredor, de livro em livro, desdobra-se o labirinto.

O CANTO DO ESTIRENO | LE CHANT DU STYRÈNE
1958, cor, 35mm, 14 min
Texto: Raymond Queneau.
Documentário sobre a fabricação da matéria plástica, no qual a narração em versos alexandrinos de Raymond Queneau alia-se à tela larga do cinemascope.

HIROSHIMA, MEU AMOR | HIROSHIMA MON AMOUR
1959, p&b, 35mm, 90 min
Roteiro: Marguerite Duras.
Durante sua participação num filme sobre a paz, rodado em Hiroshima, uma atriz francesa tem uma aventura amorosa com um japonês, o que reaviva nela lembranças de uma trágica paixão durante a Ocupação. Entre o passado de guerra e o presente de incertezas, ele (Hiroshima) e ela (Nevers) tentam tornar imortal este encontro fortuito, através da mistura de tempos, recordações e corpos.

O ANO PASSADO EM MARIENBAD | L'ANNÉE DERNIÈRE À MARIENBAD
1961, p&b, 35mm, 93 min
Roteiro: Alain Robbe-Grillet.
Num imenso e luxuoso palácio barroco, transformado em hotel (e em labirinto espaço-temporal), entre corredores, salões decorados e estátuas, um estranho tenta convencer uma mulher casada a fugir consigo. Ele diz conhecê-la. Diz que foram amantes. Entretanto, parece difícil fazê-la lembrar de que tiveram um caso (ou que não tiveram) no ano passado, em Marienbad – ou seria Frederiksbad?

MURIEL OU O TEMPO DE UM RETORNO | MURIEL OU LE TEMPS D'UM RETOUR
1963, cor, 35mm, 116 min
Roteiro: Jean Cayrol.
Uma jovem viúva, Hélène, dona de um antiquário na cidade reconstruída e mal cicratizada de Boulogne-sur-Mer, sonha em rever sua grande paixão adolescente, sem saber que ele se tornou um homem medíocre. Enquanto isso, seu enteado tem seu espírito dominado pelas lembranças de Muriel, uma moça torturada na Argélia, durante a guerra.

A GUERRA ACABOU | LA GUERRE EST FINIE
1966, p&b, 35mm, 121 min
Roteiro: Jorge Semprun.
Diego, militante comunista espanhol, habituado às passagens de fronteira para missões clandestinas, retorna a Paris, onde vive com um nome falso, na tentativa de encontrar um de seus companheiros e impedi-lo de voltar a Madri, onde poderá ser preso pela polícia franquista.

EU TE AMO, EU TE AMO | JE T'AIME JE T'AIME
1968, cor, 35mm, 91 min
Roteiro: Jacques Sternberg.
Após uma tentativa de suicídio, Claude Ridder é selecionado para participar de uma experiência científica de viagem no tempo que só havia sido testada em ratos. Ele é enviado a um ano antes, onde se encontra feliz, ao lado de sua mulher, Catrine. Mas algo errado na experiência faz com que ele reviva momentos de seu passado em ordem aleatória.

STAVISKY...
1974, cor, 35mm, 115 min
Roteiro: Jorge Semprun.
Enquanto Trótski obtém asilo político em território francês, o industrial e escroque Serge Alexandre, na pele de Stavisky, com seu charme e talento irresistíveis, consegue estar sempre cercado de muitos amigos, dentre eles, membros influentes da elite industrial e política francesa do começo dos anos 30. Mas quando seu grande golpe, envolvendo milhões de francos, é exposto, o resultado é um escândalo que quase leva a uma guerra civil.

PROVIDENCE
1976, cor, 35mm, 110 min
Roteiro: David Mercer.
Numa noite de insônia, Clive Langham, um velho escritor, embriagado e doente, embaralha o imaginário de seu próximo romance à realidade, “encenando” situações inusitadas com membros de sua própria família: o suicídio de sua esposa, um processo judiciário opondo seus dois filhos, execuções sumárias por membros de uma milícia etc.

MEU TIO DA AMÉRICA | MON ONCLE D'AMÉRIQUE
1980, cor, 35mm, 125 min
Roteiro: Jean Gruault.
Os destinos cruzados de três personagens sob o olhar de uma quarta cobaia: o biólogo Henri Laborit, que explica sua própria teoria sobre como o ambiente interfere na formação da personalidade dos seres humanos. Mas desta vez, ao invés de ratos de laboratório, os objetos de investigação são dois homens e uma mulher, de cidades, origens sociais e famílias diferentes, cujas vidas são acompanhadas desde a infância até a fase adulta.

A VIDA É UM ROMANCE | LA VIE EST UM ROMAN
1983, cor, 35mm, 111 min
Roteiro: Jean Gruault.
Um utopista constrói o Templo da Felicidade nos anos 1910, onde se realiza um experimento que busca criar uma sociedade perfeita na qual as angústias poderiam ser excluídas da vida cotidiana. Setenta anos mais tarde, um colóquio sobre a educação é organizado nesse mesmo local, enquanto que três crianças imaginam uma lenda medieval.

MORRER DE AMOR | L'AMOUR À MORT
1984, cor, 35mm, 92 min
Roteiro: Jean Gruault.
Elisabeth e Simon estão profundamente apaixonados por dois meses, quando Simon momentaneamente morre, mas volta à vida. Simon não quer promover nenhum teste médico, mas o casal é forçado a lutar contra a possibilidade de sua morte.


MELÔ | MÉLO
1986, cor, 35mm, 112 min
Roteiro: Henri Bernstern.
Na Paris dos anos 20, Romaine, esposa de um violinista de orquestra, fica fascinada por um amigo de juventude de seu marido, Marcel Blanc, um solista de carreira internacional que vem jantar em sua casa. Apaixonada por ele, ela instiga seu relacionamento amoroso, mesmo quando seu marido, Pierre, fica doente. Romaine chega a dar a Pierre um tratamento que piora sua doença, mas depois reconsidera a traição. Três anos depois, Pierre cobra de Marcel a verdade. Adaptação de uma peça de Henry Bernstein, de 1929.

QUERO IR PRA CASA | I WANT TO GO HOME
1989, cor, 35mm, 105 min
Roteiro: Jules Feiffer.
Joey Wellman, um cartunista americano ranzinza, aceita o convite para uma exposição em Paris, porque sua filha Elsie está estudando na cidade. Ele logo quer voltar para casa, pois o choque cultural é quase intolerável para ele. Até que o professor Christian Gauthier, apaixonado pela cultura americana, convida Joey e outros americanos para um fim de semana na casa de sua mãe. Elsie chega à reunião e se surpreende ao ver seu pai sendo sutilmente seduzido pela cultura francesa.

SMOKING / NO SMOKING
1993, cor, 35mm, 140 e 144 min
Roteiro: Jean-Pierre Bacri e Agnès Jaoui.
Oito histórias diferentes que tratam da vida de cinco mulheres, todas interpretadas por uma só atriz, e quatro homens, também interpretados pelo mesmo ator, a partir das possíveis escolhas determinantes que cada um pode fazer em sua vida, capazes de mudar inteiramente seus destinos. Adaptação da peça Intimate Exchanges (1982) de Alan Ayckbourn.

AMORES PARISIENSES | ON CONNAÎT LA CHANSON
1997, cor, 35mm, 120 min
Roteiro: Agnes Jaoui e Jean-Pierre Bacri.
Odile está à procura de um apartamento maior e sua irmã Camille acaba se apaixonando pelo corretor do novo apartamento. Agentes imobiliários, proprietários, uma doutoranda e um amigo de juventude em limosine: cada um busca sua casa ou a si mesmo, entre canções e canções populares de outrora...


NA BOCA, NÃO | PAS SUR LA BOUCHE
2003, cor, 35mm, 116 min
Um próspero industrial de metalurgia, Georges Valandrey, é casado com Gilberte e acha que é seu primeiro homem. Gilberte esconde-lhe que já havia sido casada, com o americano Eric Thomson e que quebrou seus votos porque este não suportava ser beijado na boca. Por um conjunto de circunstâncias extraordinárias, Georges convida Eric para jantar em sua casa, para tratarem de negócios. Enquanto isso, o jovem artista Charly persegue Gilberte, mas a irmã desta, Arlette, tenta casá-lo com a jovem Huguette. Baseado na opereta cômica Pas sur la Bouche!, de 1925.


COEURS | MEDOS PRIVADOS EM LUGARES PÚBLICOS
2006, cor, 35mm, 122 min
Roteiro: Alan Ayckbourn e Jean-Michel Ribes.

Em Paris, três homens e três mulheres que não se conhecem vivem no mesmo bairro. Todos são pessoas solitárias, com destinos que ora se cruzam, ora se afastam, cujas vidas interagem durante quatro dias. Adaptação de uma peça de Alan Ayckbourn (2004).

ABORDANDO ALAIN RESNAIS, UM REVOLUCIONÁRIO DISCRETO |
UNE APPROCHE D’ALAIN RESNAIS, RÉVOLUTIONNAIRE DISCRET
1980, p&b e cor, 59 min
Direção e Roteiro: Michel Le Clerc
A carreira de Alain Resnais até Meu tio da América, com os testemunhos de seus roteiristas e dos que o conheceram nos anos 1940 e 1950.

O ATELIER DE ALAIN RESNAIS: EM TORNO DE AMORES PARISIENSES| L’ATELIER D’ALAIN RESNAIS: AUTOUR D’ON CONNAÎT LA CHANSON
1997, cor, 50 min
Direção: François Thomas
Os métodos de trabalho de Resnais são expostos por seus colaboradores, da escrita do roteiro à partitura musical. Neste documentário, Resnais define o cinema como uma arte de ateliê.

Ciclo do CCBB trás obras inéditas de Alain Resnais para as telas brasileiras.



Inventor impecável de um cinema-pensamento, Resnais ausculta as pulsações do tempo, re-lançando as relações entre imagem e narrativa, a partir de uma problemática ontológica:

A invenção de uma grande memória.


Lista de Filmes - Alain Resnais


CURTAS:

- VAN GOGH / 1948, p&b, 35mm, 8 min
- PAUL GAUGUIN / 1950, p&b, 35mm, 12 min
- GUERNICA / 1950-51, p&b, 35mm, 13 min
- LES STATUES MEURENT AUSSI (AS ESTÁTUAS TAMBÉM MORREM) / 1950-53, p&b, 35mm, 29 min
- NUIT ET BROUILLARD (NOITE E NEVOEIRO) / 1955, cor e p&b, 35mm, 32 min
- TOUTE LA MÉMOIRE DU MONDE (TODA A MEMÓRIA DO MUNDO) / 1956, p&b, 35mm, 22 min
- LE CHANT DU STYRÈNE (O CANTO DO ESTIRENO) / 1958, cor, 35mm, 14 min

LONGAS:

- HIROSHIMA MON AMOUR (HIROSHIMA, MEU AMOR) / 1959, p&b, 35mm, 90 min - L'ANNÉE DERNIÈRE À MARIENBAD (O ANO PASSADO EM MARIENBAD) / 1961, p&b, 35mm, 93 min - MURIEL OU LE TEMPS D'UM RETOUR (MURIEL OU O TEMPO DE UM RETORNO) / 1963, cor, 35mm, 116 min - LA GUERRE EST FINIE (A GUERRA ACABOU) / 1966, p&b, 35mm, 121 min - JE T'AIME JE T'AIME (EU TE AMO, EU TE AMO) / 1968, cor, 35mm, 91 min - STAVISKY (STAVISKY OU O IMPÉRIO DE ALEXANDRE) / 1974, cor, 35mm, 115 min - PROVIDENCE / 1976, cor, 35mm, 110 min - MON ONCLE D'AMÉRIQUE (MEU TIO DA AMÉRICA) / 1980, cor, 35mm, 125 min - LA VIE EST UM ROMAN (A VIDA É UM ROMANCE) / 1983, cor, 35mm, 111 min - L'AMOUR À MORT (MORRER DE AMOR) / 1984, cor, 35mm, 92 min - MÉLO (MELÔ) / 1986, cor, 35mm, 112 min - I WANT TO GO HOME (QUERO IR PRA CASA) / 1989, cor, 35mm, 105 min - SMOKING / NO SMOKING / 1993, cor, 35mm, 140 e 144 min - ON CONNAÎT LA CHANSON (AMORES PARISIENSES) / 1997, cor, 35mm, 120 min - PAS SUR LA BOUCHE (NA BOCA, NÃO) / 2003, cor, 35mm, 116 min - COEURS (MEDOS PRIVADOS EM LUGARES PÚBLICOS) / 2006, cor, 35mm, 122 min
- UNE APPROCHE D’ALAIN RESNAIS, RÉVOLUTIONNAIRE DISCRET
(ABORDANDO ALAIN RESNAIS, UM REVOLUCIONÁRIO DISCRETO)
1980, p&b e cor, 59 min Direção: Michel Le Clerc - L’ATELIER D’ALAIN RESNAIS: AUTOUR D’ON CONNAÎT LA CHANSON
(O ATELIER DE ALAIN RESNAIS: EM TORNO DE AMORES PARISIENSES)
1997, cor, 50 min



Programação no CCBB

03 de setembro QUARTA
14h30 - Abordando Alain Resnais, um revolucionário discreto (Une approche d’Alain Resnais, révolutionnaire discret), 1980, 59 min, Beta, l.p., 12 anos
17h - Melô (Mélo), 1986, 112 min, 35mm, l.e.p., 12 anos
19h30 - Morrer de amor (L’Amour à mort), 1984, 92 min, 35mm, l.e.p., 14 anos

04 de setembro QUINTA
14h30 - Quero ir para casa (I want to go home), 1989, 105 min, 35mm, l.p., 12 anos
17h - A vida é um romance (La Vie est un roman), 1983, 111 min, 35mm, l.e.p., 12 anos
19h30 - Providence (Providence), 1976, 110 min, 35mm, l.e.p., 14 anos

05 de setembro SEXTA
14h30
- Meu tio da América (Mon oncle d’Amérique), 1980, 125 min, 35mm, l.p., 12 anos
17h - Curtas 1, total 43 min, 14 anos
Van Gogh (Van Gogh), 1948, 18 min, 35mm, l.e.p.
Paul Gauguin (Paul Gauguin), 1950, 12 min, 35mm, l.e.p.
Guernica (Guernica), 1950, 13 min, 35mm, l.p.
19h30 - Hiroshima, meu amor (Hiroshima mon amour), 1959, 91 min, 35mm, l.p., 16 anos

06 de setembro SÁBADO
10h - Curso ESPAÇO E IMAGINÁRIO: O CINEMA DE ALAIN RESNAIS
14h30 - Curtas 2, total 61 min, 16 anos
As estátuas também morrem (Les Statues meurtent aussi), 1953, 29 min, 35mm, l.p.
Noite e nevoeiro (Nuit et brouillard), 1955, 32 min, 35mm, l.p.
17h - Curtas 3, total 41 min, 14 anos
Toda a memória do mundo (Toute la mémoire du monde), 1956, 22 min, 35mm, l.e.p.
O canto do estireno (Le Chant du styrène), 1958, 19 min, 35mm, l.e.p.
19h30 - L’Année dernière à Marienbad (O ano passado em Marienbad), 1961, 93

07 de setembro DOMINGO
14h30 - Muriel ou O tempo de um retorno (Muriel ou le temps d’un retour), 1963, 116 min, 35mm, l.p., 12 anos
17h - A guerra acabou (La Guerre est finie), 1966, 121 min, 35mm, l.e.p., 14 anos
19h30 - Eu te amo, eu te amo (Je t’aime, je t’aime), 1968, 91 min, 35mm, l.e.p., 14 anos

09 de setembro TERÇA
19h - DEBATE: Alain Resnais, mestre do tempo ou do espaço?
Com Ismail Xavier, Fernando Passos e Luiz Carlos Oliveira Jr.

10 de setembro QUARTA
14h30
- O ateliê de Alain Resnais: em torno de “Amores parisienses” (L’Atelier d’Alain Resnais: autour d’On connaît la chanson), 1997, 50 min, Beta, l.e.p., 12 anos
17h - Amores parisienses (On connaît la chanson), 1997, 120 min, 35mm, l.p., 12 anos
19h30 - No Smoking (No Smoking), 1993, 144 min, 35mm, l.p., 12 anos

11 de setembro QUINTA
14h30
- Medos privados em lugares públicos (Cœurs), 2006, 122 min, 35mm, l.p., 14 anos
17h - Na boca, não (Pas sur la bouche), 2003, 116 min, 35mm, l.e.p., 12 anos
19h30 - Smoking (Smoking), 1993, 140 min, 35mm, l.p., 12 anos

12 de setembro SEXTA
14h30
- Eu te amo, eu te amo (Je t’aime, je t’aime), 1968, 91 min, 35mm, l.e.p., 14 anos
17h - A guerra acabou (La Guerre est finie), 1966, 121 min, 35mm, l.e.p., 14 anos
19h30 - Quero ir para casa (I want to go home), 1989, 105 min, 35mm, l.p., 12 anos

13 de setembro SÁBADO
10h
- Curso ESPAÇO E IMAGINÁRIO: O CINEMA DE ALAIN RESNAIS
14h30 - A vida é um romance (La Vie est un roman), 1983, 111 min, 35mm, l.e.p., 12 anos
17h - Providence (Providence), 1976, 110 min, 35mm, l.e.p., 14 anos
19h30 - Meu tio da América (Mon oncle d’Amérique), 1980, 125 min, 35mm, l.p., 12 anos

14 de setembro DOMINGO
14h30 - Morrer de amor (L’Amour à mort), 1984, 92 min, 35mm, l.e.p., 14 anos
17h - Stavisky ou O império de Alexandre (Stavisky...), 1974, 115 min, 35mm, l.p., 14 anos
19h30 - Melô (Mélo), 1986, 112 min, 35mm, l.e.p., 12 anos

17 de setembro QUARTA
14h30 - Hiroshima, meu amor (Hiroshima mon amour), 1959, 91 min, 35mm, l.p., 16 anos
17h - Curtas 1, total 43 min, 14 anos
Van Gogh (Van Gogh), 1948, 18 min, 35mm, l.e.p.
Paul Gauguin (Paul Gauguin), 1950, 12 min, 35mm, l.e.p.
Guernica (Guernica), 1950, 13 min, 35mm, l.p.
19h30 - Curtas 2, total 61 min, 16 anos
As estátuas também morrem (Les Statues meurtent aussi), 1953, 29 min, 35mm, l.p.
Noite e nevoeiro (Nuit et brouillard), 1955, 32 min, 35mm, l.p.

18 de setembro QUINTA
14h30 - L’Année dernière à Marienbad (O ano passado em Marienbad), 1961, 93
17h - Curtas 3, total 41 min, 14 anos
Toda a memória do mundo (Toute la mémoire du monde), 1956, 22 min, 35mm, l.e.p.
O canto do estireno (Le Chant du styrène), 1958, 19 min, 35mm, l.e.p.
19h30 - Muriel ou O tempo de um retorno (Muriel ou le temps d’un retour), 1963, 116 min, 35mm, l.p., 12 anos

19 de setembro SEXTA
14h30 - Abordando Alain Resnais, um revolucionário discreto (Une approche d’Alain Resnais, révolutionnaire discret), 1980, 59 min, Beta, l.p., 12 anos
17h - Meu tio da América (Mon oncle d’Amérique), 1980, 125 min, 35mm, l.p., 12 anos
19h30 - Stavisky ou O império de Alexandre (Stavisky...), 1974, 115 min, 35mm, l.p., 14 anos

20 de setembro SÁBADO
10h - Curso ESPAÇO E IMAGINÁRIO: O CINEMA DE ALAIN RESNAIS
14h30 - O ateliê de Alain Resnais: em torno de “Amores parisienses” (L’Atelier d’Alain Resnais: autour d’On connaît la chanson), 1997, 50 min, Beta, l.e.p., 12 anos
17h - Amores parisienses (On connaît la chanson), 1997, 120 min, 35mm, l.p., 12 anos
19h30 - Na boca, não (Pas sur la bouche), 2003, 116 min, 35mm, l.e.p., 12 anos

21 de setembro DOMINGO
14h30 - No Smoking (No Smoking), 1993, 144 min, 35mm, l.p., 12 anos
17h - Smoking (Smoking), 1993, 140 min, 35mm, l.p., 12 anos
19h30 - Medos privados em lugares públicos (Cœurs), 2006, 122 min, 35mm, l.p., 14 anos

> l.e.p.: legendas eletrônicas em português
> l.p.: legendas em português



segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Cinema, Pensamento e Clínica

Iniciaremos nesta próxima quinta (14/04/2008) os encontros do curso modular, pela Escola Nômade, que seguirá em busca das fronteiras movediças entre o cinema e a clínica. No percurso seremos acompanhados de Deleuze, Bergson e Nietzsche, além de vários cineastas que saltarão da história como clínicos da civilização e pensadores dos modos criativos de viver.

Seguem o mapa e a linha de partida:

Análise fílmica e disucussão da obra de diferentes cineastas em suas intercessões com o pensamento de Deleuze, Bergson e Nietzsche. Apresentação da semiótica imagética deleuziana, a partir dos conceitos de imagem, narrativa, movimento e tempo. Hibridações de cinema e clínica: tornamentos e personagens fabulosos.

Módulo : A imagem em crise
A semiótica imagética
Hitchcock, Rosselini e Welles
Dividuais, afrouxamentos e presentificações
Cinema: movimento e tempo

Conteúdo Programado:
Imagem e narrativa; semiótica imagética deleuziana; taxonomia das imagens: imagens-movimento e imagens-tempo; processos imaginários, imagéticos e imaginativos no cinema; narrativas verídicas e narrativas falsificantes; cinemas fechados, cinemas abertos, cinema nômade; problematização, dividuais, tendências materiais e espirituais no cinema; espaço-tempo diegético e imagético; limiares fronteiriços entre o ficcional, o documental e o experimental: a zona de indiscernibilidade; plano, enquadramento e montagem; ritmo, polifonia, modos e qualidades documentais; “Simul-ações” e “Docu-mentiras”; potência do falso, fabulação e discurso indireto livre; “cine-matéria” , “cine-olho”, “cine-verdade”, “cine-transe”, “cine-memória” , “cine-clínica”; as mnemotécnicas dos personagens fabulosos; poéticas híbridas e hibridações de cinema e clínica; performatizações: ínstase e êxtase, encontro e ato; tornamentos, autopoiesis e auto-mise en scène cine-clínica.

Filmografia Programada
14/08/08 - Janela Indiscreta
28/08/08 - Um corpo que cai
11/09/08 - Os Pássaros
25/09/08 - Roma, Cidade Aberta
09/10/08 - Paisá
23/10/08 - Alemanha, Ano Zero
06/11/08 - Cidadão Kane
20/11/08 - A Marca da Maldade
04/12/08 - A Dama de Shangai

Módulo: A imagem em crise
Data de início: 14 de agosto de 2008
Horário: quinzenal, às quintas-feiras, das 19:30 às 22:30 hs
Local: Rua Cincinato Braga, 463 / 21 (Metrô Brigadeiro) São Paulo - SP
Duração: indeterminada (este módulo, de agosto a dezembro de 2008)

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Cinema Nômade com Kubrick

Um cérebro serve para agir, e o mundo-cérebro é Laranja Mecânica: atitudes corporais com um máximo de violência, gestos cerebrais em processo de captura, forças de morte e ritmos de adestramento. “Dê-me um cérebro”, pede o cinema. Um desfile de autômatos é o que lhe damos. Subjetividades protetizadas, robôs dançantes, monstros e zumbis é o que lhe damos. Com uma crítica ácida e impecável, Kubrick perfura este cérebro-mundo, esta membrana inseparável das forças de morte que enclausuram o fora, a serviço de uma ordem interior demente.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Cinema Nômade com Dziga Vertov


Com o híbrido homem-câmera, Vertov radicaliza seu método de montagem permanente, involuindo na matéria fluida da variação universal. O olho não humano, que estaria nas coisas, conecta qualquer ponto do universo a um outro ponto qualquer, em qualquer ordem temporal, em um "espaço qualquer". O "caos irisado" introduz a percepção nas coisas, ultrapassa o intervalo entre ação e reação, decompõe a mimese e a impressão de realidade, acessa o plano luminoso da imanência em sua ondulação cósmica. Vertov, com a exploração dos fatos vividos, realiza uma cine-sensação do mundo. "Eu vejo." "Minha câmera não escreve, mas inscreve." Torna-se visível o invisível. O Homem com uma Câmera é a pedagogia antiilusionista para uma arte construção da vida, princípio ético e estético de uma "verdade a 24 quadros por segundo", estado gasoso da percepção que segue livremente o percurso das imagens-movimento da substância vivente.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Projetor de Imagens Caseiro

Acho que para as oficinas de cine-clinica e modos de vida em video, vamos precisar produzir um desses. É uma alternativa barata e prática, que atenderá bem às necessidades dos projetos do Coletivo Kaosmos.

Cinema Nômade com Estamira e Marcos Prado

terça-feira, 24 de junho de 2008

Sobre o Coletivo Kaosmos




O Coletivo Kaosmos atua no mercado cultural e de tecnologia da informação. Trabalhamos no encontro da Internet e das tecnologias livres com a experimentação e a produção audiovisual, buscando inventar e afirmar novos modos de viver a vida, a partir de um horizonte ético, estético e político . Através da formação de redes sociais e compartilhamento de conhecimento, potencializamos a apropriação tecnológica como meio de produção de máquinas expressivas singulares. Temos como eixos:
  • a apropriação tecnológica
  • o software livre
  • a publicização do privado
  • a ocupação da Internet
  • a expressão de modos de vida em vídeo
  • a hibridação de cinema, pensamento e clínica

domingo, 22 de junho de 2008

Cinema Nômade com Eric Rohmer

MARQUESA DE Ó




Eric Rohmer nos propõe um vaivém entre palavras e imagens. Falsamente teatral e falsamente literária, sua obra arranca da linguagem uma certa afasia: o ato de fala como fundador, como fabulador é que funda o silêncio no falado e que faz deste cinema, um cinema mudo. Com "A Marquesa de O" mais uma vez é o corpo feminino que sofre fragmentações. É em nome de um pudor que não existe, que a verdade precisaria então de muitos disfarces, invertendo valores que seriam intoleráveis: é você, marquesa, que está grávida de sua própria consciência. Em um de seus provérbios, Rohmer diria que só escolhe bem aquele que é escolhido. A efetiva escolha, que consiste em escolher a própria escolha, é suposta retornar e dar-nos tudo. É por isso que ela contribui para que ao abandonar da noiva, ele nos seja entregue por inteiro: "Eu a amo de forma sublime, extraordinária. Eu a amo. Não é uma simples inclinação." Os enquadramentos obcecantes da "Marquesa de O" são mais um dos modos com que Rohmer irá fazer da câmera uma consciência formal ética capaz de nos levar a uma imagem indireta livre do mundo e, ao mesmo tempo, a um ponto comum entre o cinema e a literatura. Mas não seria isto mesmo o que constitui o estatuto singular da imagem áudio-visual moderna: uma dissociação do visual e do sonoro, em heutonomia e incomensurabilidade? A imagem visual e sonora estão, enfim, em uma relação muito especial: relação indireta livre que não se propõe o menor todo

domingo, 1 de junho de 2008

Novo Video Tutoriais Do Cinelerra


O Cinelerra é um software livre de edição de video profissional para plataforma Linux.
Esta ferramenta tem sido fundamental para a produção de videos no coletivo Kaomos. Foi a primeiro investimento de apropriação tecnológica deste coletivo que pretende se aprofundo no multiverso criativo da arte digital.
Estes videos tutoriais são uma contribuição preciosa para os que querem se iniciar neste movimento videográfico e estão disponíveis no link abaixo:

http://www.estudiolivre.org/tiki-index.php?page=cinelerraVideoTutoriais

Outras informações podem ser obtidas no portal do estúdio livre:

http://www.estudiolivre.org

terça-feira, 29 de abril de 2008

Novo Curso de Cinema na Escola Nômade


Cinema Nômade e Poéticas de Fluxux
por Pedro Paulo Rocha


pré-cinemas, invenção da fotografia; vanguardas, construtivismo, kyno-olho Diziga Vertov; o duplo cinema em Artaud; o cinema experimental de Stan Brakhage, cinema estruturalista de Martin Arnold, Kurt krenn; A Esztética do Sonho’ de Glauber Rocha; logica do extase. Arthur Ormar ; cinema de invenção jairo ferreira; Quasicinema de Hélio Oiticica; fantasmogorias do corpo, Ligia clark; a experiência vídeo de Godard; O visível e o invisíveL de Merleau-Ponty; Caosmose, Mil plâtos de Deleuze e Guatarri; Alingua de Lacan; O Simulacro de Jean Baudrillard; A reconfiguração da galaxias, MacLuhan; VideoArte, Nam June Paik, conceitos processuais e poético da videoarte; o cinema expandido de genne yongblood; o livro por vir de mallarme; Tecnica, magia e arte, Walter Benjamin; ; linguagem eletrônica, Transcinemas, arquitetura de fluxus.




terça-feira, 8 de abril de 2008

Tornamentos

" A forma de identidade Eu = Eu (ou sua forma degenerada eles = eles) deixa de valer para as personagens e para o cineasta, tanto no real quanto na ficção. O que se insinua, em graus profundos, é antes o "Eu é outro" de Rimbaud. Godard dizia isso a propósito de Rouch: não apenas acerca das personagens, mas do próprio cineasta que, "branco exatamente como Rimbaud, também ele declara que Eu é Outro, quer dizer Eu um negro. Quando Rimbaud exclama "sempre fui de uma raça inferior... sou um animal, um preto...", é passando por toda uma série de falsários, "Mercador és um preto, magistrado és um preto, general és um preto, imperador velha sarna és um preto...", até essa mais alta potência do falso que faz que um negro tenha de se tornar ele próprio negro, através de seus papéis brancos, enquanto o branco nisso encontra uma chance de também se tornar um negro ("posso ser salvo..."). E, por seu lado, Perrault não precisa se tornar outro para se juntar a seu próprio povo. Não é mais O nascimento de uma nação, mas é a constituição ou reconstituição de um povo, em que o cineasta e suas personagens se tornam outros em conjunto e um pelo outro, coletividade que avança pouco a pouco, de lugar em lugar, de pessoa em pessoa, de intercessor em intercessor. Sou um caribu, um alce do Canadá... "Eu é outro" é a formação de uma narrativa de simulação que destrona a forma da narrativa veraz. É a poesia que Pasolini queria contra a prosa, mas que encontramos ali onde ele não a procurava, num cinema apresentado como direto."
Gilles Deleuze

Personagens fabulosos

"A personagem está sempre passando a fronteira entre o real e o fictício (a potência do falso, a função de fabulação); o cineasta deve atingir o que a personagem era "antes" e será "depois", deve reunir o antes e o depois na passagem incessante de um estado a outro (imagem-tempo direta); o devir do cineasta e de sua personagem já pertence a um povo, a uma comunidade, a uma minoria da qual praticam e libertam a expressão (o discurso indireto livre)."
Gilles Deleuze

quarta-feira, 26 de março de 2008

Festival de Documentários



Farão parte do meu roteiro:

Chapeleiros - Adrian Cooper(Cinemateca 28/03 17:30hs)
Congo - Arthur Omar(Cinemateca 29/03 17:30hs)
Triste Trópico - Arthur Omar(Cinemateca 29/03 17:30hs)
Das Ruínas à Resistência - Carlos Adriano (CCBB 30/03 13hs)
Juvenilia - Paulo Sacramento (Cinemateca 28/03 -17:30hs)
Liberdade de Imprensa - João Batista de Andrade (Cinemateca 1/4 19:30hs)
O Fim da Viagem - Carlos Nader (Cinemateca 27/03 17:30hs)
Parabolic People - Sandra Kogut (Cinemateca 30/03 17:30hs)
Anna, Seven Years on Frontline - Masha Novikova (Cinesesc 3/4 17hs)

Festival de Documentários




Algumas dicas de filmes que sinalizam para as possibilidades de hibridação de cinema e clínica:

Cineasta Iniciante - Jay Rosenblatt ( Cinesesc - 27/03 15hs)
Clarita - Tereza Jessouroun (Cinesesc 27/03 19hs)
Bruna - Nili Tal(Reserva Cultural 01/04 20hs)
El Circulo - José Pedro Charlo (Cinemateca - 3/4 19:30hs)
O Rosto de Karim - Ingmar Bergman (Cinesesc - 5/4 15hs)
O Olhar de Michelangelo - Michelangelo Antonioni (Cinesesc - 5/4 15hs)
Filme diário - Boglárka Edvy (CCBB - 1/4 17hs)
Solitário Anônimo - Debora Diniz (Cinesesc 27/3 19:30hs e 2/4 19:30hs)



http://www.itsalltrue.com.br/2008/busca/index.asp?lng=&mos_id=

segunda-feira, 17 de março de 2008

Cinema Nômade com Jos Stelling




O Homem da Linha, Holanda (1985)

Uma relação improvável, em um lugar qualquer, entrecruza as linhas desviantes de personagens a deriva. Com uma narrativa anti-dialógica, Jos Stelling lança o ruído contra o verbo, em uma magnífica exposição do afeto e da natureza. Num bailar de devires, animalescos e pueris, o encontro do estranho agulheiro com a bela francesa faz descongelar o deserto, eletrizando o tempo puro dos espaços vazios e das imagens sonoras. A atmosfera gelada, a sonoplastia rítmica e as alternânicas de luz e de cor criam as nuâncias e densidades da topografia subjetiva dos territórios de passagem. Arrebator e sensível, “O Homem da Linha” é ao mesmo tempo a desconstrução poética dos signos lingüísticos e o amor louco de uma animalidade total.

Kaosmos na Mostra?


5ª Mostra Nacional de Vídeos em Saúde no EPI 2008

Já estão abertas as inscrições para a 5ª Mostra Nacional de Vídeos em Saúde (5ª VideoSaúde), evento que será realizado durante o XVIII Congresso Mundial de Epidemiologia e VII Congresso Brasileiro de Epidemiologia (EPI 2008), de 20 a 24 de setembro, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Promovida pela VideoSaúde – Distribuidora da Fiocruz, marca registra! da do Serviço de Produção e Distribuição de Audiovisuais em Saúde do Instituto de Comunicação Científica e Tecnológica (Icict/Fiocruz), a mostra comemora 20 anos de existência da Distribuidora. Participe, veja o regulamento.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

No Campus Party

Durante a apresentação "Zen e a arte de blogar", no Campus Party Brasil,
ocorreu me que a blogosfera tem expressado de modo dominante o duplo
movimento daidentidade e da comunicação.
Segundo o palestrante, duas vertentes de produção têm se apresentado
de modo mais significativo: a dos diários íntimos e a do jornalismo. A
primeira focada no registro cotidiano de impressões subjetivas e a
segunda focada na divulgação de informações diversas que escapam aos
meios convencionais de censura da grande mídia. Mas tanto em uma como
em outra vertente, destaca-se o foco na interação (criação de redes sociais) e no
auto-conhecimento.
Em uma segunda apresentação, o histórico da evolução do movimento de
blogueiros no Brasil é narrado em 3 fases. Uma primeira fase em que
escritores excluídos do mercado editorial se apropriam da ferramenta
como veículo de publicação de suas idéias. Uma segunda fase em que os
jornalistas passam a utilizar a blogosfera como rede informativa de
carater profissional. E uma terceira fase em que estas e outras
vertentes minoritárias disputam o espaço-tempo virtual, travando um
combate muito mais publicitário do que conceitual.
De alguma forma os dois apresentadores entendem a blogosfera como uma
comunidade informativa, que passa a "ganhar voz a partir do upload" e,
que de alguma modo, trata de modo autoral uma grande diversidade de
temáticas que percorrem o público e o privado.

De modo diferente, não tenho me apropriado do blog enquanto mecanismo de exploração de um suposto "eu" ou como estratégia para o reconhecimento da alteridade ou o "dar a voz ao outro".
Tenho pensado o blog enquanto criação de um outro-eu, ou de um tornar-se o que se é no outro. O que a meu ver não só ultrapassa a alteridade, como explode o eu. A fórmula niestzschiana do tornamento me parece impecável ao fazer andar a vida de modo fabuloso. A multiplicação de personagens virtuais, em um misto de mim e de muitos outros, tem aberto condições para colocar o tempo e a inspiração a favor de um gosto pelo devir. O Falso de si enquanto mais alta arte cinematográfica do real é apenas uma maneira de estetizar a vida. Afirmar uma ética do simulacro é fazer do pensamento arte e da arte pensamento. Acho que neste ponto os multimeios da internet se conjugam com as mnemotécnicas fabulosas do cinema para uma tecnologia que se faz do relacional.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Cine-clínica na Unicamp


Mensagem para o Fórum de Cinema e Clínica (Unicamp)

Penso que o audio-visual pode abrir possibilidades inusitadas para a clínica e, por princípio, vejo positivamente toda e qualquer iniciativa de composição. Entretanto, insisto em alguns aspectos que, a meu ver, merecem ser tratados com rigor.
Primeiro em relação ao investimento em novos modos de expressão, conforme a consideração do Prof. Sérgio. Considero que o uso da imagem não garante necessariamente uma expressividade outra, se dissociada dos elementos substanciais e formais da narrativa cinematográfica. Não existe cinema se as imagens não são narrativizadas, de alguma forma. E sem cinema, não há emergência da arte da imagem, nem invenção de novas expressões, nem estetização da existência (conforme o terceiro gênero de conhecimento de Espinoza, para me servir do autor citado).
Assim, relembrando as 2 opções de desdobramentos bem apontadas pelo Altair, vejo como menos interessante a opção que instrumentaliza o video como ferramenta de pesquisa. Nesta hipótese, penso que a expressividade terá que provir de um campo outro, que não o próprio cinema. O que não penso ser de todo inviável, mas de alguma forma menos potente (dada a minha cinefilia).
Já a outra opção, considero mais desafiadora e muito mais arrriscada, sendo necessário uma empresa bem mais ampla. Trata-se de apreender, enfim, que existe um pensamento do cinema (antes de cineastas, tecnologias, filmes, produções, etc). Acredito ser possível servir-se deste pensamento mesmo sem fazer filme, mesmo sem ser profissional da imagem. A produção cinematográfica é uma convocação a pensar, independente das conseqüências. O cineasta é antes um pensador, alguém que recorta o real imergindo na duração. Como diria Tarkovski, fazer cinema é esculpir o tempo. Esta é a questão que considero vital: será que somos capazes de um pensamento cinematográfico? Será que somos capazes de apreender, em um corte, o movimento e o tempo real? Estas questões foram bem problematizadas por Deleuze (filósofo-cineasta que pensou o cinema e o pensamento, sem produzir um filme).
Por fim, considero também bastante pertinente a preocupação do Ricardo, que sinalizou algo sobre a relação com os usuários durante o processo clínico, o que remete às questões éticas que atravessam a clínica, mas também o cinema documentário (em que os personagens não são representados, mas vividos por “atores nativos”). Este ponto é muito rico, porque o olho tátil inventado pelo agenciamento homem-câmera precisa se produzir em ato e ser a visão de um ser da relação (o que acredito ser de grande interesse clínico). Não vejo como fazer uma hibridação de cinema e clínica de modo extrínseco, e acho que pensar as implicações da arte nas ações em saúde precede os aspectos técnicos e metodológicos de uma investigação desta natureza.
Em suma, acho que o problema é da ordem de um pensamento do cinema e, no campo da saúde, o horizonte é de alargamento das condições de experiência real da clínica.

Abraços,
Ale.

Edição de Video em Software Livre


A oficina de audio-visual pode ser aceleradora dos processos.
Estou me inscrevendo...

Nômades no Campus Party Brasil


"Hoje abrimos as portas da Bienal do Ibirapuera, em São Paulo, para os 3 mil inscritos no maior encontro mundial da Internet. A Campus Party será uma grande festa, uma oportunidade única para os brasileiros mostrarem porque somos considerados os maiores e melhores usuários de internet do planeta.

Aqui teremos, por uma semana, um panorama completo das inovações tecnológicas apresentadas em mais de 300 atividades vinculadas a 10 áreas do conhecimento. Para nós é uma honra e uma alegria poder conviver com o talento e a criatividade de todos vocês. Sejam bem vindos campuseiros!"



Eu, Júlio, Amaury, Daniel, Leo e Ângela estaremos por lá, conectando, registrando e blogando. Novas passagens estão por ser abertas para o laboratório de tecnologias relacionais e todo o coletivo nômade de arte e multimídea.

Nômades no Campus Party Brasil

"Hoje abrimos as portas da Bienal do Ibirapuera, em São Paulo, para os 3 mil inscritos no maior encontro mundial da Internet. A Campus Party será uma grande festa, uma oportunidade única para os brasileiros mostrarem porque somos considerados os maiores e melhores usuários de internet do planeta.

Aqui teremos, por uma semana, um panorama completo das inovações tecnológicas apresentadas em mais de 300 atividades vinculadas a 10 áreas do conhecimento. Para nós é uma honra e uma alegria poder conviver com o talento e a criatividade de todos vocês. Sejam bem vindos campuseiros!"



Eu, Júlio, Amaury, Daniel, Leo e Ângela estaremos por lá, conectando, registrando e blogando. Novas passagens estão por ser abertas para o laboratório de tecnologias relacionais e todo o coletivo nômade de arte e multimídea.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Co-laboratório de Tecnologias Relacionais

Algumas contribuições sobre o nome próprio deste acontecimento, feitas por colegas participantes do co-laboratório. Síntese feita por João Leão.

Julio:
- Gosto do termo coletivo, que denomina grupos autogestionados
-
As experimentações tecnológicas e "artísticas" são livres e não estão a serviço, senão do próprio encontro em simbiose com os modos de vida. Os interesses individuais se complementam e formam um conjunto com potência amplificada.

Joao:
- acho que a essencia seria mesmo a pesquisa e a produção no meio virtual
-
espaço para produzir meios de interação e ferramentas úteis ao movimento em geral

Ale:
-
arte: produção de produtos artísticos/culturais ou produção de meios de estetização da existência?
- Utilização de recursos audio-visuais (baseado em tecnologias livres) para a invenção de novos modos de registros/memórias capazes de estetizar as múltiplas maneiras nômades de ser
-
se houver algum produto, talvez para mim seja este: um produto-produção ou o duplo ou o pouco dos dois

Daniel:
-
A partir dessa base comum a idéia é criar "produções estéticas" utilizando o áudio, vídeo, tecnologia e pensamento.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Clausura Operacional

O funcionamento do sistema nervoso é plenamente consistente com sua participação numa unidade autônoma, na qual todo estado de atividade leva a outro estado de atividade nela mesma, dado que seu modo de operar é circular, ou em clausura operacional. É interessante notar que a clausura operacional do sistema nervoso nos diz que seu funcionamento não cai em nenhum dos extremos: nem o representacionalista nem o solipsista. (HR Maturana e FJ Varela)

A memória imunológica é tida como uma característica clonal, pelo menos no contexto de respostas secundárias, e o reconhecimento antigênico (diretamente relacionado à memória) é provavelmente a propriedade imunológica de maior apelo cognitivo. É possível afirmar que o sistema imune não apenas pode ser visto como um sistema cognitivo, mas também é capaz de complementar e/ou regular as capacidades neurais de reconhecimento e tomada de decisão através da percepção de estímulos que não podem ser detectados fisiologicamente de forma direta.

Ao invés de explicar os processos de sinalização celular e a interação de anticorpos, células e seus mecanismos efetores, a teoria de rede inicialmente proposta apresentava um novo ponto de vista sobre a atividade linfocitária, a produção de anticorpos, a seleção do repertório pré-imune, a distinção próprio/não-próprio e a tolerância imunológica, a memória e a evolução do sistema imunológico. Foi sugerido que o sistema imunológico é composto por uma rede regulada de células e moléculas que se reconhecem mesmo na ausência de antígenos. Este ponto de vista estava em conflito com a teoria da seleção clonal já existente naquela época, que assumia que o sistema imunológico era composto por um conjunto discreto de clones celulares originalmente em repouso, sendo que a atividade apenas existiria quando um estímulo externo se apresentasse ao organismo.

O elemento chave é o anticorpo, que atua como um antígeno através de domínios idiotípicos. Existe, portanto, uma imagem interna do universo antigênico. O reconhecimento mútuo entre os elementos do sistema imunológico (linfócitos B e anticorpos) forma uma vasta rede interconectada de elementos que se comunicam entre si, a chamada rede idiotípica ou rede imunológica.

Dessa forma, os elementos próprios provocam um determinado tipo de resposta, enquanto os não-próprios induzem outra resposta, baseada não na natureza intrínseca do não-próprio, mas no fato de que o sistema imunológico enxerga o antígeno externo no contexto de invasão ou degeneração.




Definição 2: O homúnculo imunológico é a imagem interna do próprio adquirida pelo reconhecimento primário dos antígenos próprios, tanto no timo, como na periferia (Cohen, 1992).