sexta-feira, 18 de julho de 2008

Cinema Nômade com Dziga Vertov


Com o híbrido homem-câmera, Vertov radicaliza seu método de montagem permanente, involuindo na matéria fluida da variação universal. O olho não humano, que estaria nas coisas, conecta qualquer ponto do universo a um outro ponto qualquer, em qualquer ordem temporal, em um "espaço qualquer". O "caos irisado" introduz a percepção nas coisas, ultrapassa o intervalo entre ação e reação, decompõe a mimese e a impressão de realidade, acessa o plano luminoso da imanência em sua ondulação cósmica. Vertov, com a exploração dos fatos vividos, realiza uma cine-sensação do mundo. "Eu vejo." "Minha câmera não escreve, mas inscreve." Torna-se visível o invisível. O Homem com uma Câmera é a pedagogia antiilusionista para uma arte construção da vida, princípio ético e estético de uma "verdade a 24 quadros por segundo", estado gasoso da percepção que segue livremente o percurso das imagens-movimento da substância vivente.

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