segunda-feira, 11 de abril de 2011

The Black Power Mixtape, de Goran Hugo Olsson


O diretor Göran Hugo Olsson conta que, anos atrás, ouviu o boato de que a Suécia teria captado mais imagens dos Panteras Negras do que os EUA. Vasculhando em arquivos da TV sueca, Olsson descobriu que a rumor bem poderia ser verdadeiro... The Black Power Mixtape invade a cena contemporânea reinventando a dimensão mnemônica da imagem, tanto pela recuperação de arquivos a serem reeditados, quanto pela sensorialidade com que trabalha a fronteira entre a lembrança e o esquecimento. Estamos diante de uma remixagem musical do visível, o movimento como relação de pertencimento ao tempo, instaurando qualidades de uma visualidade rítmica. É com a decomposição do movimento que se propõe uma re-leitura, em que o filme seja mais música, mais movimento intenso, mais movimento no tempo... Um remix do visível em que o presente é tornado o não-visível pregnante da imagem.

Cópia Fiel, de Kiarostami


Cópia Fiel é também um road movie de uma cidadela só... James Miller é um escritor que está na Itália para lançar seu último livro em que fala sobre réplicas de obras de arte e originais, lá ele conhece a francesa Elle, que tem uma galeria de arte. No meio de um passeio eles são confundidos com um casal de marido e mulher e começam a agir como tal... Na encenação, o espectador não conhece o passado amoroso do casal, mas imerge na degeneração inexorável dos diálogos, num jogo intenso de modulações, deformações, dobras e variações narrativas contínuas... Entre cópias e modelos, o que desaba são as leis da similitude, o que acontece é o cinema do simulacro. Quando se perde toda a semelhança com o modelo, o que se descobre é uma economia do caos, uma administração das próprias paixões, uma estetização da existência, uma liberdade plena do encontro, uma conquista do tempo...


Exit Through The Gilf Shop, de Banksy


Uma personagem inventada por Banksy, o tal Mr. Brainwash, é Thierry, um francês que convenceu artistas de diferentes nacionalidades a filmá-los porque estaria produzindo um documentário sobre a arte feita nas ruas. Mr. Brainwash convence pessoas que pagam pequenas fortunas por quadros que não são tão especiais... Grafite, tintas, rolos e rolos de papel... Thierry filma tudo, sem critério ou seleção, e depois simplesmente guarda as fitas em enormes caixas. É pelas mãos de Banksy, um exímio manipulador, que o jogo vira... Thierry deixa de ser o diretor e se torna personagem. O que é falso? Uma narrativa que não pode se constituir; uma relação alterada do ator com a personagem; uma relação distribuída entre a personagem e a pessoa? A falseação de um acontecimento, a falseação de um evento, a falseação de um fato. O paradoxo é o elemento principal. As forças do tempo falseam e o paradoxo é esta falseação violenta das formas da verdade. Exit Through the Gift Shop é um anti-documentário raro, nem falso, nem verdadeiro, mas apaixonantemente paradoxal...