sábado, 22 de dezembro de 2007



Redes Idiotípicas e Anti-idiotípicas: Tolerância, Autoimunidade e Autopoiese

A filosofia faz surgir acontecimentos com seus conceitos, a arte ergue monumentos com suas sensações, a ciência constrói estados de coisas com suas funções. Um rico tecido de correspondências pode estabelecer-se entre os planos. Mas a rede tem seus pontos culminantes, onde a sensação se torna ela própria sensação de conceito, ou de função; o conceito, conceito de função ou de sensação; a função, função de sensação ou de conceito.

G. Deleuze e F. Guattari

Alessandro G. Campolina

2004

Autopoiese

Os seres vivos se caracterizam por – literalmente – produzirem de modo contínuo a si próprios, o que indicamos quando chamamos a organização que os define de organização auto-poiética…

Os componentes moleculares de uma unidade autopoiética celular deverão estar dinamicamente relacionados numa rede contínua de interações. Atualmente se conhecem muitas transformações químicas concretas dessa rede e o bioquímico as chama, coletivamente, de metabolismo celular.

Esta dinâmica produz componentes e todos eles integram a rede de transformações que os produzem. Alguns formam uma fronteira, um limite para essa rede de transformações. Em termos morfológicos, podemos considerar a estrutura que possibilita essa clivagem no espaço como uma membrana. No entanto, essa fronteira celular tal como o tecido é o produto de um tear, porque essa membrana não apenas limita a extensão da rede de transformações que produz seus componentes, como também participa dela. Se não houvesse essa arquitetura espacial, o metabolismo celular se desintegraria numa sopa molecular, que se espalharia por toda parte e não constituiria uma unidade separada como a célula.

O que temos é uma situação muito especial, no que se refere às relações de transformação química: por um lado, é possível perceber uma rede de transformações dinâmicas, que produz seus próprios componentes e é a condição de possibilidade de uma fronteira; de outra parte vemos uma fronteira, que é a condição de possibilidade para a operação da rede de transformações que a produziu como uma unidade:

Dinâmica Fronteira

(Metabolismo) (Membrana)

A característica mais peculiar de um sistema autopoiético é que ele se levanta por seus próprios cordões, e se constitui como diferente do meio por sua própria dinâmica, de tal maneira que ambas as coisas são inseparáveis…

Um sistema é autônomo se é capaz de especificar sua própria legalidade, aquilo que lhe é próprio. Não estamos propondo que os seres vivos são os únicos entes autônomos; certamente não o são. Porém, é evidente que uma das propriedades mais imediatas do ser vivo é sua autonomia. Propomos que o modo, o mecanismo que faz dos seres vivos sistemas autônomos, é a autopoiese, que os caracteriza como tal…O que lhes é peculiar é que sua organização é tal que seu único produto são eles mesmos. Donde se conclui que não há separação entre produtor e produto. O ser e o fazer de uma unidade autopoiética são inseparáveis, e isso constitui seu modo específico de organização (HR Maturana e FJ Varela).

Niels K. Jerne (1974) é considerado o verdadeiro autor do modelo cognitivo do sistema imunológico. A visão cognitiva da teoria da rede imunológica apresentada é fundamentada em duas premissas:

O sistema imunológico é constituído por um universo de imagens que só são reconhecidas por estarem expressas em uma linguagem conhecida pelo sistema;

O sistema imunológico se auto define, ou seja, ele é projetado para conhecer a si próprio.

Jerne não foi apenas responsável pela introdução da teoria da rede imunológica, ele foi também o primeiro pesquisador a apresentar uma formalização matemática para a sua teoria. Uma equação diferencial foi construída para descrever a dinâmica de um conjunto de linfócitos idênticos. Estes linfócitos idênticos foram denominados de linfócitos do tipo i, e Ni denotava a quantidade de linfócitos do tipo i. Os linfócitos do tipo i interagiam com linfócitos de outros tipos como, por exemplo, linfócitos do tipo j e também anticorpos do tipo j via idiotopos e regiões de ligação. As interações podiam ser estimulatórias ou inibitórias. As interações de diferentes tipos de linfócitos levariam, naturalmente, à geração de uma rede de linfócitos.

Definição1: O sistema imunológico é constituído por uma rede enorme e complexa de paratopos que reconhecem conjuntos de idiotopos, e de idiotopos que são reconhecidos por conjuntos de paratopos, assim, cada elemento pode reconhecer e ser reconhecido (Jerne, 1974).

Clausura Operacional

O funcionamento do sistema nervoso é plenamente consistente com sua participação numa unidade autônoma, na qual todo estado de atividade leva a outro estado de atividade nela mesma, dado que seu modo de operar é circular, ou em clausura operacional. É interessante notar que a clausura operacional do sistema nervoso nos diz que seu funcionamento não cai em nenhum dos extremos: nem o representacionalista nem o solipsista. (HR Maturana e FJ Varela)

A memória imunológica é tida como uma característica clonal, pelo menos no contexto de respostas secundárias, e o reconhecimento antigênico (diretamente relacionado à memória) é provavelmente a propriedade imunológica de maior apelo cognitivo. É possível afirmar que o sistema imune não apenas pode ser visto como um sistema cognitivo, mas também é capaz de complementar e/ou regular as capacidades neurais de reconhecimento e tomada de decisão através da percepção de estímulos que não podem ser detectados fisiologicamente de forma direta.

Ao invés de explicar os processos de sinalização celular e a interação de anticorpos, células e seus mecanismos efetores, a teoria de rede inicialmente proposta apresentava um novo ponto de vista sobre a atividade linfocitária, a produção de anticorpos, a seleção do repertório pré-imune, a distinção próprio/não-próprio e a tolerância imunológica, a memória e a evolução do sistema imunológico. Foi sugerido que o sistema imunológico é composto por uma rede regulada de células e moléculas que se reconhecem mesmo na ausência de antígenos. Este ponto de vista estava em conflito com a teoria da seleção clonal já existente naquela época, que assumia que o sistema imunológico era composto por um conjunto discreto de clones celulares originalmente em repouso, sendo que a atividade apenas existiria quando um estímulo externo se apresentasse ao organismo.

O elemento chave é o anticorpo, que atua como um antígeno através de domínios idiotípicos. Existe, portanto, uma imagem interna do universo antigênico. O reconhecimento mútuo entre os elementos do sistema imunológico (linfócitos B e anticorpos) forma uma vasta rede interconectada de elementos que se comunicam entre si, a chamada rede idiotípica ou rede imunológica.

Dessa forma, os elementos próprios provocam um determinado tipo de resposta, enquanto os não-próprios induzem outra resposta, baseada não na natureza intrínseca do não-próprio, mas no fato de que o sistema imunológico enxerga o antígeno externo no contexto de invasão ou degeneração.

Definição 2: O homúnculo imunológico é a imagem interna do próprio adquirida pelo reconhecimento primário dos antígenos próprios, tanto no timo, como na periferia (Cohen, 1992).

Acoplamento

Enquanto uma unidade não entrar numa interação destrutiva com o seu meio, nós, observadores, necessariamente veremos que entre a estrutura do meio e a da unidade há uma compatibilidade ou comensurabilidade. Enquanto existir essa comensurabilidade, meio e unidade atuarão como fontes de perturbações mútuas e desencadearão mutuamente mudanças de estado. A esse processo continuado, demos o nome de acoplamento estrutural. Por exemplo, na história do acoplamento estrutural entre as linhagens de automóveis e as cidades, há modificações dramáticas em ambos os lados, mas em cada um elas ocorrem como expressão de sua própria dinâmica estrutural, provocadas pelas interações seletivas com o outro. (HR Maturana e FJ Varela)

Tada, em 1997, cunhou o termo “supersistema” para designar sistemas vitais altamente integrados, como o sistema imunológico. Os diversos elementos de um supersistema se relacionam através de adaptação e co-adaptação mútuas entre seus componentes, criando um sistema dinâmico auto-regulado através de auto-organização. Trata-se de um sistema auto-contido, porém aberto a estímulos ambientais que podem ser traduzidos em mensagens internas para os processos de auto-regulação e expansão. Um supersistema é caracterizado pela sua auto-regulação, pela geração de seus diversos tipos de componentes através de processos estocásticos seguidos de seleção e adaptação (conseqüências da auto-organização), individualidade e tomada de decisão em resposta a estímulos internos e externos.

As águas de um rio vão abrindo o seu trajeto por entre os acidentes e as irregularidades do terreno. Mas este também ajuda a moldar o itinerário, pois nem a correnteza nem a geografia das margens determinam isoladamente o curso fluvial: ele se estrutura de um modo interativo, o que nos revela como as coisas se determinam e se constroem umas às outras. Por serem assim, a cada momento elas nos surpreendem, revelando-nos que quilo que pensávamos ser repetição sempre foi diferença, e o que julgávamos ser monotonia nunca deixou de ser criatividade” (Humberto Mariotti).

As Redes Imunológicas

Por fim, é possível destacar três características das redes imunológicas:

· Estrutura: responsável pela descrição dos padrões de interconexão entre seus componentes celulares e moleculares, desconsiderando as conseqüências destas interações. Os eventos importantes são os próprios elementos do sistema e não suas interações;

· Dinâmica: a dinâmica da rede imunológica trata as interações entre os diversos componentes do sistema: as variações das regiões-V como resultado das interações mútuas e ações recíprocas entre as células e moléculas da rede;

· Metadinâmica: uma propriedade única do sistema imunológico, que vai além da dinâmica de rede, é a contínua produção de novos anticorpos. Como mencionado anteriormente, qualquer novo elemento possível, mesmo que sintetizado artificialmente, pode interagir com o sistema imunológico. Existe uma constante renovação do repertório linfocitário e, conseqüentemente, da estrutura da rede via o recrutamento destes novos linfócitos e a morte de elementos não estimulados ou auto-reativos. A metadinâmica representa o potencial que o sistema imunológico possui de introduzir diversidade, garantindo sua capacidade de combater novos antígenos.

Ko.yaa.nis.qatsi (da língua Hopi)

1. Vida louca. 2. Vida tumultuada. 3. Vida em desintegração. 4. Vida desequilibrada. 5. Um estado de existência que exige outro modo de viver.

AS PROFECIAS HOPI

Se escavarmos coisas preciosas da terra, estaremos chamando o desastre. Perto do dia da purificação, haverá teias de aranha prolongando-se de um lado para outro do céu. Um recipiente de cinzas poderá um dia cair do céu e poderá queimar a terra e agitar os oceanos.

Bibliografia:

Cohen IR (1992). “The Cognitive Paradigm and the Immunological Homunculus”, Imm.Today, (Vol. 13 / 12 ).

Deleuze G, Guattari F (1991). O que é a filosofia? Editora 34 (Ed.).

Jerne N K (1974). “Towards a Network Theory of the Immune System”, Ann. Immunol.

(Inst. Pasteur) (Vol. 125C).

Maturana HR, Varela FJ (1984). A árvore do conhecimento. Palas Athena (Ed.).

Reggio G (1983). Koyaanisqatsi. MGM (Est.).

Tada T (1997).“The Immune System as a Supersystem”, Ann. Rev. Imm., (Vol. 15).

Varela FJ, Coutinho A, Dupire E, Vaz NN (1988). “Cognitive Networks:

Immune, Neural and Otherwise”, Theoretical Immunology, Parte Dois, A. S. Perelson (Ed.).

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Curso: Cinema, pensamento e clínica

Para 2008 estou preparando o curso de cinema que entrará em ressonância com o cinema nômade, o laboratório de tecnologias relacionais e a curadoria de cinema documentário do MIS de Campinas. A idéia é cartografar filmes que sirvam de casos-problemas para o território híbrido do pensamento e da clínica.

A programação deve passar pelas seguintes temáticas, estando o primeiro módulo previsto para o segundo semestre de 2008:


Imagem e narrativa; semiótica imagética deleuziana; taxonomia das imagens: imagens-movimento e imagens-tempo; processos imaginários, imagéticos e imaginativos no cinema; narrativas verídicas e narrativas falsificantes; cinemas fechados, cinemas abertos, cinema nômade; problematização, dividuais, tendências materiais e espirituais no cinema; espaço-tempo diegético e imagético; limiares fronteiriços entre o ficcional, o documental e o experimental: a zona de indiscernibilidade; plano, enquadramento e montagem; ritmo, polifonia, modos e qualidades documentais; “Simul-ações” e “Docu-mentiras”; potência do falso, fabulação e discurso indireto livre; “cine-matéria” , “cine-olho”, “cine-verdade”, “cine-transe”, “cine-memória” , “cine-clínica”; a "doença" documental; as mnemotécnicas dos personagens fabulosos; poéticas híbridas e hibridações de cinema e clínica; performatizações: ínstase e êxtase, encontro e ato; tornamentos, autopoiesis e auto-mise en scène cine-clínica.


Módulo : A imagem em crise
A semiótica imagética
Hitchcock, Rosselini e Welles
Dividuais, afrouxamentos e presentificações
Cinema: movimento e tempo


Acompanhar pelo: http://escolanomade.org/tiki/tiki-index.php

Terra em Transe no Cinema Nômade


Para que não nos matem a verdade, é melhor morrer de poesia. O poeta-gurreiro Paulo Martins percorre o entre-imagens do universo convulviso de Eldorado, o continente tropical de Terra em Transe. Embriagado do populismo demagógico e do autoritarismo profético, o personagem central ressoa com o ritmo delirante das imagens inquietas de Glauber Rocha, descentrando os avatares do cinema e re-encontrando as condições do dizível e do cantável. Vigorosa e visionária alegoria política sobre o Brasil e a América Latina. Polifonia barroca de diversas culturas. Um filme sem concessões, caótico, polêmico, feito sem a intenção de agradar a quem quer que seja. Para o cineasta Joaquim Pedro de Andrade, "o poeta é o guerrilheiro, pois o povo de Eldorado não assume posição crítica diante de seus problemas e os grandes heróis se fazem com a morte. A morte como fé e não como solução. Assim, a morte do poeta é morte-vida, e não é possível viver quando não se está disposto a morrer por uma idéia, por um amor, por um povo, por um amigo" Terra em transe é a golfada hedionda contra uma gente vigilâmbula, o salto, o grito e o canto para uma terra e para um povo, um povo que falta.

Notícias de uma máquina singular



A máquina-experimento para rastreio, edição e projeção de material audio-visual já encontra-se em atividade no Copan-Hack-Lab-Nômade. Operando em plataforma de software livre, inicaremos testes e oficinas a partir de janeiro de 2008. No Campus Party estaremos fazendo o lançamento oficial. Os desdobramentos poderão ser acompanhados através do Laboratório de Tecnologias Relacionais da Escola Nômade.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Co - Laboratório de Tecnologias Relacionais


Este laboratório investe na criação/produção individual e/ou coletiva da superfície de registros que é a condição de multiplicação e continuidade dos processos inventivos, cujas expressões são criadas concomitantemente a sua atualização nos acervos da multiteca, editora e portal. Para isso pode-se servir das ferramentas do seu portal em software livreexternal link e interativo (wikiexternal link) que tornam possíveis também encontros a distância, possibilitando o acesso dos atores envolvidos ao expressarem suas atividades e necessidades que acabam se compondo numa produção coletiva. Trata-se de um processo que se pretende avançar em práticas e interações de educação não formais - presenciais e a distância - por meio de programas de ação e parcerias que incluam pesquisas necessárias à aplicação das novas tecnologias de comunicação e de informaçãoexternal link direcionadas à educação.

Participe com a gente através do site:
http://escolanomade.org

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Bom dia de Yasujiro Ozu

Corredores e aposentos vazios, varais, postes, fachadas de casas, planos gerais de paisagem, entre-casas e entre-planos. “Bom Dia” afirma a incomensurável beleza dos momentos breves e banais que, plenos de novidades, são capazes de sentido e de vida. Uma fina análise da reconstrução japonesa do pós-guerra, com grande amor pelos paradoxos. Ozu vai nos mostrando que se a televisão catalisa o fim da família tradicional japonesa, se impera a desconfiança entre os vizinhos, se há indícios de convulsão social (a aposentadoria, o desemprego, o trabalho informal), se os homens não conseguem mais dizer o que importa, escondendo-se em frases feitas, é justamente o diálogo repetitivo e cotidiano sobre o tempo, que permite ao professor se aproximar da tia de seus alunos, por quem é apaixonado. Pervertendo as tradições e os costumes, é a ingenuidade pueril de uma greve de silêncio que expõe as redundâncias lingüísticas e desarticula a ordinariedade empoderadora dos não-ditos que sustentam uma ruidosa convivência social e inter-geracional. O rigor da depuração do plano cinematográfico, o ritmo encadeante dos planos e seqüências descontínuos, os fatos narrativos levados ao extremo da simplicidade e do anti-dramatismo, a minuciosa composição do quadro, tudo isso geralmente provoca sensações mais do que argumentos. Uma narrativa que é pura ficção, um realismo que é do tempo.

http://escolanomade.org/tiki/tiki-index.php?page=Bom+Dia%2C+de+Yasujiro+Ozu
Escola Nômade : Bom Dia, de Yasujiro Ozu

Memória e Fabulação em 8 e 1/2 de Fellini

Essa obra prima de Fellini põe em questão as condições de criação da obra de arte em geral e do cinema em especial. É uma busca crítica pelo modo de exprimir o essencial da vida na obra de arte que a reinventa, destruindo o supérfluo. Um diretor em crise se aventura pelo mundo caótico de suas paixões e dos tempos vividos que o atravessam, os quais se misturam com as demandas não menos caóticas, as vezes frágeis, outras oportunistas, de pretendentes a um papel no filme e mesmo na vida: imagens e signos de desejos submetidos a vontade de reconhecimento dos personagens que também o assediam mendigando atenção para se sentirem partes da existência. As instituições da igreja, da família, do dinheiro e do poder também são invocadas como clientes obscuros cometendo ingerências no resultado da obra e se insinuando perversa e cinicamente no ato de criar. Enfim, uma obra que procura reencontrar a fonte e a força inspiradora da criação nos acontecimentos que fazem a vida brilhar e retomar sua inocência e sua capacidade de amar e jogar afirmativamente o jogo da reinvenção dos modos de viver.

Cinema Nômade

O Cinema Nômade é um movimento de pensamento crítico-criativo, que se realiza por meio de exibições de filmes selecionados pelo potencial desconstrutivo da subjetividade, do corpo e do pensamento estabelecidos, gerando tendências criativas de novos territórios existenciais e novos modos de viver e pensar através da produção de sensações inéditas. Também cria ressonância das práticas da Escola Nômade além do seu círculo de associados e participantes diretos. Evento aberto, gratuito, itinerante e mensal (primeira sexta-feira de cada mês).

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Meu tio da América, de Alain Resnais

Memória e Vida


No entrecruzamento da etologia, das ciências da vida e do cérebro e das determinações sócio-culturais dos modos humanos de viver, Resnais opera uma desconstrução singular dos mecanismos cerebrais de conservação, memoria e imaginação. Esta desconstrução se exprime na montagem do filme e se concretiza no embaralhamento das séries ou histórias, que se imbricam em interfaces múltiplas de espaço-tempo, fazendo com que o tempo cronológico e sucessivo perca o seu caráter dominante e ponha em ação, através do uso da linguagem e dos modos sócio-culturais de produzir signos, as dimensões temporais que coexistem e concorrem para as instâncias decisórias de um indivíduo, grupo ou sociedade.



Meu Tio da América


Ficha Técnica

França, 1980, VHS, cor, 125'
Direção: Alain Resnais
Roteiro: Jean Gruault
Fotografia: Sacha Vierny
Elenco: Gerard Depardieu, Nicole Garcia, Roger Pierre, Pierre Arditi
Prêmios: prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes de 1980; prêmio Fipresci; indicação ao Oscar na categoria de melhor filme estrangeiro em 1981.

Escola Nômade

Em foco: Estão abertas as inscrições para o segundo semestre de atividades da Escola Nômade. Acesse a página com a programação completa Acesse o VideoBlog com Luiz Fuganti



Cinema Nômade: Em 09 de novembro de 2007 aconteceu, no Espaço Unibanco à rua Augusta, em SP, a 22ª edição do Encontro Aberto de Cinema Nômade com o filme: Santiago, de João Moreira Salles - sempre com entrada franca para os convidados do Cinema Nômade. Inscreva seu e-mail na lista para receber os convites do Cinema Nômade. Veja também as fotos dos últimos encontros e participe do fórum de discussão de cinema. Como vocês já sabem, o Cinema Nômade é um evento aberto, gratuito, itinerante e mensal, que ocorre toda primeira sexta-feira de cada mês, às 20hs.



Cursos: Dando continuidade à série de encontros mensais intensivos do Curso Pensamento e Clínica do Desejo, ministrado por Luiz Fuganti, será realizado o 14º encontro, excepcionalmente na terça-feira do feriado, dia 20 de novembro de 2007. Este curso, formado por quatro atmosferas, está abordando a natureza, o desejo e o inconsciente; a potência em ato - a produção do corpo; a captura do desejo e sua autonomia e as linhas de fuga (programa completo). Os dois últimos encontros estão previstos para os dias 9 e 15 de dezembro. Há possibilidades de participar de aulas avulsas: todos os encontros estão sendo gravados e filmados. O telefone para contato é 8175-7423.



Grupos de Estudos: A Escola Nômade realiza dois tipos de Grupos de Estudos: Grupos de Estudos Orientados, que são conduzidos sob orientação específica e têm como conteúdo um pensador e uma obra determinados. Os Grupos de Estudos Multi-coordenados têm interface direta com os laboratórios e possuem uma composição plural, tendo como foco os temas que relacionam diversas obras e pensadores.



Multiteca: A dvdteca está crescendo, graças à colaboração de muitos que estão presentes no movimento, com obras de diretores como Pasolini, Resnais, Tarkowski, Welles, Antonioni, Kubrick, Lynch, entre outros. Nosso acervo está disponível aos associados da Escola Nômade.



Como se relacionar com a Escola Nômade: Para uma primeira aproximação, você pode registrar-se neste site, visitar nossa programação e agenda, e participar de nossos eventos abertos. Você pode ainda freqüentar cursos, grupos de estudos e os laboratórios, dispor de nossa multiteca e interagir com este portal. Para participar mais ativamente, contribuir e compor conosco este movimento, você pode se associar à Escola Nômade de Filosofia.



Manifesto da Escola Nômade: A Escola Nômade de Filosofia é um movimento de pensamento livre, desvinculado de qualquer institucionalidade, seja de princípio racional, moral ou religioso. É um movimento que apreende o pensar como potência de acontecimento e criação, livre de qualquer fundação pela Forma. Sendo necessariamente imanente à natureza, esse pensamento é, portanto, inseparável de uma ética afirmativa do corpo, sempre ativo e em devir...



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Ciclo de Projeções e Estudos do Cinema Documentário


Curadoria: Alessandro G. Campolina

O afrouxamento dos limites entre ficção e não-ficção, os novos estatutos da alteridade e a multiplicação dramática das vozes que atravessam a estética áudio-visual fazem com que os debates em torno da problemática do cinema documentário sejam cada vez mais urgentes.

Além de ter sido a “locomotiva estética” que abriu passagens para as experimentações de diversos cineastas brasileiros, o documentário é um dos gêneros, cuja participação crescente nas salas de exibição tem sido mais notória, na atualidade.

Cinema de resistência e de vanguarda, o documentarismo se constitui cada vez mais como um terreno de hibridizações, de poéticas mistas e de ultrapassamento do perceptível e do memorável.

Assim, a compreensão dos processos agenciados pelo documentário torna-se imprescindível para pensarmos os territórios fronteiriços do cinema contemporâneo, em suas complicações com a produção de realidade.

Objetivos
1. Definir procedimentos de leitura das imagens e da linguagem do cinema documentário; 2. Construir consistências conceituais que permitam pensar o lugar e a influência deste cinema nas transformações da experiência sensível do tempo e do espaço; 3. Abrir espaço para experiências implicadas no cotidiano e no fazer dos participantes 4- Estabelecer conversações sobre a importância da atenção aos processos agenciados pelo cinema, articulando redes de discussão, produção e distribuição de documentários.

Conteúdo programático do Módulo I (2007):
1- O Documentário e Seus Modos

Apresentação e texto “Que tipo de documentários existem?” (09/10/2007)

2- O Documentário Expositivo

Texto: “A estética do documentário clássico” (16/10/2007)

Filme: Nannok do Norte (13/10/2007)

3- O Documentário Observativo

Texto: “O cinema direto” (23/10/07)

Filme: Caixeiro-viajante (27/10/2007)

4- O Documentário Participativo

Texto: “Uma janela e um farol” (06/11/2007)

Filme: Jaguar (14/11/ 2007)

5- O Documentário Reflexivo

Texto: “A invenção de uma escrita documental” (20/11/2007)

Filme: O homem com uma câmera (24/11/2007)

6- O Documentário Performático

Texto: “Entrevista com a diretora Sandra Kogut” (04/12/2007)

Filme: Noite e Neblina (04/12/2007)

7- O Documentário Poético

Texto: “Eu é outro: documentário e narrativa indireta livre” (11/12/2007)

Filme: Koyaanisqatsi (08/12/2007)

Estratégia
1- Seminários de discussão de referenciais teóricos, após leitura prévia de textos selecionados, acompanhados de apresentação de trechos de filmes que ilustrem os temas discutidos, com atenção tanto para os conteúdos como para os elementos da linguagem cinematográfica.

2- Exibição e discussão, aberta ao público, dos filmes selecionados para compor o ciclo.

3- Avaliação da experiência de debate com o público, por parte dos participantes do grupo de estudo.

Destinado a: todos os interessados em pensar o lugar do cinema na contemporaneidade.

Número de participantes: 10 a 20.

Local e Horário: sede do MIS Campinas às terças 19hs e sábados às 16hs.

Rua Regente Feijó, 859 - Centro
Atendimento previamente agendado telefone: (19) 2116-0806
Horário de funcionamento: 2ª a 6ª, das 9 às 17h

Bibliografia de referência

1
-Bill Nichols. Que tipo de documentários existem? In: Introdução ao documentário. Ed. Papirus, Campinas, 2005. P. 135.

2- Da-Rin Silvio. A estética do documentário clássico. In: Espelho partido: tradição e transformação do documentário. Ed. Azougue, Rio de Janeiro, 2006. p. 71.

3- André Parente. O cinema direto. In: Narrativa e modernidade. Ed. Papirus, Campinas, 2000.p. 110.

4- Amir Labaki. Uma janela e um farol. In: Introdução ao documentário brasileiro. Ed Francis, São Paulo, 2006. p.59.

5- Da-Rin Silvio.A invenção de uma escrita documental. In: Espelho partido: tradição e transformação do documentário. Ed. Azougue, Rio de Janeiro, 2006. p. 71.

6- José Carlos Avellar. Entrevista com a diretora Sandra Kogut. In: Um passaporte húngaro [DVD]. Videofilmes, Rio de Janeiro, 1997.

7- Francisco Elinaldo Teixeira. Eu é outro: documentário e narrativa indireta livre. In: Documentário no Brasil – Tradição e transformação. Ed. Summus, São Paulo, 2004. p.29.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Cinema Nômade

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O Cinema Nômade é um movimento de pensamento crítico-criativo, que se realiza por meio de exibições de filmes selecionados pelo potencial desconstrutivo da subjetividade, do corpo e do pensamento estabelecidos, gerando tendências criativas de novos territórios existenciais e novos modos de viver e pensar através da produção de sensações inéditas. Também cria ressonância das práticas da Escola Nômade além do seu círculo de associados e participantes diretos. Evento aberto, gratuito, itinerante e mensal (primeira sexta-feira de cada mês).


http://escolanomade.org/tiki/tiki-index.php?page=Cinema+Nomade

domingo, 18 de novembro de 2007

Hibridações de cinema e clínica

Uma das tendências do cinema contemporâneo tem sido marcada por hibridizações que atravessam diversos modos e poéticas audio-visuais, ultrapassando até mesmo o campo da arte. Neste espaço-tempo, estarei percorrendo os limiares movediços que conectam e disjuntam os multiversos do cinema e da clínica. Inicialmente mapearei territórios, multiplicando suas vozes e afirmando o descentramento deste mundo singular. Num mesmo tempo, já estarei criando condições para que as tecnologias de rede sejam imediatamente suporte, produção, exibição e distruibuição dos acontecimentos emergentes.