quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Terra em Transe no Cinema Nômade


Para que não nos matem a verdade, é melhor morrer de poesia. O poeta-gurreiro Paulo Martins percorre o entre-imagens do universo convulviso de Eldorado, o continente tropical de Terra em Transe. Embriagado do populismo demagógico e do autoritarismo profético, o personagem central ressoa com o ritmo delirante das imagens inquietas de Glauber Rocha, descentrando os avatares do cinema e re-encontrando as condições do dizível e do cantável. Vigorosa e visionária alegoria política sobre o Brasil e a América Latina. Polifonia barroca de diversas culturas. Um filme sem concessões, caótico, polêmico, feito sem a intenção de agradar a quem quer que seja. Para o cineasta Joaquim Pedro de Andrade, "o poeta é o guerrilheiro, pois o povo de Eldorado não assume posição crítica diante de seus problemas e os grandes heróis se fazem com a morte. A morte como fé e não como solução. Assim, a morte do poeta é morte-vida, e não é possível viver quando não se está disposto a morrer por uma idéia, por um amor, por um povo, por um amigo" Terra em transe é a golfada hedionda contra uma gente vigilâmbula, o salto, o grito e o canto para uma terra e para um povo, um povo que falta.

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