segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Memória e Fabulação em 8 e 1/2 de Fellini

Essa obra prima de Fellini põe em questão as condições de criação da obra de arte em geral e do cinema em especial. É uma busca crítica pelo modo de exprimir o essencial da vida na obra de arte que a reinventa, destruindo o supérfluo. Um diretor em crise se aventura pelo mundo caótico de suas paixões e dos tempos vividos que o atravessam, os quais se misturam com as demandas não menos caóticas, as vezes frágeis, outras oportunistas, de pretendentes a um papel no filme e mesmo na vida: imagens e signos de desejos submetidos a vontade de reconhecimento dos personagens que também o assediam mendigando atenção para se sentirem partes da existência. As instituições da igreja, da família, do dinheiro e do poder também são invocadas como clientes obscuros cometendo ingerências no resultado da obra e se insinuando perversa e cinicamente no ato de criar. Enfim, uma obra que procura reencontrar a fonte e a força inspiradora da criação nos acontecimentos que fazem a vida brilhar e retomar sua inocência e sua capacidade de amar e jogar afirmativamente o jogo da reinvenção dos modos de viver.

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