segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Santiago, de João Moreira Salles


À primeira vista parecia impossível se perder nele. À primeira vista..." Personagem labiríntico, mordomo da família Moreira Salles, o que subverte as condições do discurso documental. Passagem e ocasião de desencontros, Santiago exercita a fabulação, teatraliza seus gestos, desarticula as palavras de ordem, desenquadra o seu próprio autor. O que antes seria um filme pessoal e de montagem, se torna o palco de um grande combate. O filme que não foi feito. O Anti-metacinema. A arte-clínica pela culatra. O passado e o porvir de um cineasta em crise, o duplo de si mesmo rachado, desconstruído, arrastado no tempo próprio de uma ficção tornada vida. As mnemotécnicas de uma personagem fabulosa fazendo do exótico o apenas pouco, da reflexividade, só o reforço do mando. Na expressão de Santiago: "o tempo não tem consideração". Tempo trágico que "pelos caminhos contínuos entre as estátuas imutáveis e placas de granito no qual você estava, até mesmo agora, perdendo-se para sempre, no silêncio da noite, sozinha comigo.

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