segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Calígula, de Tinto Brass


Sádico, cínico, déspota, irresponsável, megalomaníaco, sanguinário, paranóico? Calígula não quer deixar escapar nenhum fluxo. É a vontade do déspota, são as formações de soberania. Calígula recorta as estruturas de aliança e filiação, uma estrutura espacial fundiária, um sobrecódigo das relações, uma demarca de corredores, ruas e aposentos. Um esquadrinhamento espacial. Este Estado que surge se chama “Eu”. Calígula déspota e escravo que está em nós, regime de autoridade e homem de cinismo. O épico-erótico de Tinto Brass reflete a gênese da nova aliança nas figurações teatrais e plásticas do fazer do déspota: a filiação direta com Deus com o retomar de um fluxo germinal intensivo. Uma educação dos esfíncteres, uma retenção de fluxos, uma transgressão incestuosa. Eis a palavra de Calígula-Estado paranóico e despótico.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eh! Quantos déspotas não dividimos com ele os nossos espaços.