segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Os Idiotas, de Lars von Trier


Filme-paradoxo, Lars von Trier coloca em cena os modos loucos de fazer cinema, arrebentando, de saída, com a castidade idiota do Dogma 95 e zombando de todos aqueles que acreditaram no seu pseudo-dogmatismo. Com uma câmera amadora e vertiginosa, as suas anti-locações são percorridas na construção descontínua de personagens aberrantes. Com uma crítica aguda, os valores burgueses são desnudados até a exibição pornográfica das intolerâncias micro-fascistas. Reinventando seu estilo a cada obra, Lars von Trier narra com “os Idiotas” a experimentação crítico-criativa de um grupo de amigos que simulam a doença mental como atitude política, questionadora das instituições e da moralidade. Em meio à multiplicação intempestiva da idiotia é impossível não se questionar. Quem está zombando de quem? E os verdadeiros loucos? Será que existem “verdadeiros loucos”? Olhar brilhante que problematiza a simulação de identidades, enquanto condição necessária, e a fragilidade do estatuto moral do normal e do patológico.

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