segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A Alma do Osso, de Cao Guimarães

A Alma do Osso, do cineasta mineiro Cao Guimarães, é uma experiência estética radical. Cinema de paisagens, o filme acompanha a rotina silenciosa de Dominguinhos, um ermitão de 72 anos que vive há aproximadamente 40 anos em uma caverna no interior de Minas Gerais. Trapos e unhas sujas, obsessão por classificar, embalagens, sacos, latas e garrafas... Variações cromáticas, luz, perda de foco, ruídos, deformações da natureza e manuseio de imagens... A câmera acompanha os mínimos gestos, topografa fragmentos de vegetação, busca signos de vida nos movimentos intensivos de uma natureza inorgânica... Do mergulho na vida à invenção de um olhar simbiótico, Cao Guimarães nos propõe uma ontologização da imagem cinematográfica, uma desconstrução da subjetividade, uma concreção do simbólico em fluxos e vibrações de um território existencial singular, modulado pelo discurso vivo de um cinema da superfície...

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