sábado, 21 de maio de 2011

Limite, de Mario Peixoto


Sombras, telhados, algemas, árvores retorcidas e capinzal ventado... Limite não é um fluxo narrativo, mas uma desintegração rítmica de imagens. Cinema-poesia, de gestos e de imagens aleatórias, livres da significação e plenas de sentido. O homem engolido pelo marulho universal, o homem responsável por suas próprias algemas, as memórias que marcam uma imensidão inescapável... Narrativa trágica, quase cinema das derivas do tempo, Limite esculpe a matéria rosto, extraindo funções, comunicações, socializações e individualizações, até chegar a um quase nada, onde só restam os afetos ou o quase tudo de uma natureza em expressão. Natureza singular de um cinema que desfaz a ação e a paixão, rasgando o espaço-tempo das angústias e dos temores que afastam o homem da potência infinita de acontecer.

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