quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Cinema Nômade com Hal Hartley


Enfim, Maria se dá conta de que há algo de confiável em Matthew: “ele é perigoso e sincero. Hal Hartley nos dá um retrato realista dos modos de subjetivação independentes, modos de existência singulares que produzem corpo a partir do abandono das roupagens justas do senso comum. Se existe um combate, não é o dos vencidos contra os ganhadores, mas de todos os clichês que contracenam com as linhas de fuga que afirmam o ser em sua heterogênese. Em um pólo de captura, são corpos e atitudes teleguiados por uma força de homogeneização, compondo na tela uma uniformidade chapada: mães que odeiam seus filhos, pais ressentidos que despejam sua culpa, perversos panoptizando por fascinação histérica. Mas uma granada faz circular o potencial de explosão deste estado achatado de banalidades. Que se possa acioná-la a qualquer momento, basta recuperar a crença no acontecimento, basta optar pelo trágico, basta confiar e conseguir entregar-se por inteiro.

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